quarta-feira, janeiro 04, 2017

Mais considerações sobre o dia longo de Josué

Em complemento à resposta dada à pergunta sobre o dia longo de Josué (confira aqui), seguem abaixo mais dois comentários, do geólogo Marcos Natal de Souza e do astrofísico Eduardo Lutz:

“A Bíblia é a palavra inspirada de Deus e fonte de toda a verdade, entretanto, foi escrita por homens de culturas diferentes, com conhecimentos diferentes e em épocas também diferentes, num período de mais de 3.500 anos. Essa linguagem poderia conter ‘erros’, uma vez que o conhecimento humano acerca da natureza esteve sempre em mudança. Entretanto, não seriam erros no sentido estricto, mas formas diferentes de entender o mundo que nos rodeia. Esse conhecimento acerca do mundo e de como ele funciona foi diferente para Abrahão, Moisés, Josué, Davi, Josias, Paulo e outros. Entretanto, essa linguagem humana transmitia uma mensagem muito superior, de índole puramente religiosa, esta, sim, imutável, pois a Palavra de Deus não muda. Para que Deus pudesse Se comunicar com o ser humano Ele teria que se expressar na linguagem e na cultura humanas, caso contrário, não seria entendido e a Bíblia se tornaria um livro de acesso somente aos ‘iniciados’, mas esse não é o objetivo da Bíblia. Voltando ao caso de Josué, alguma coisa sobrenatural realmente aconteceu. Do ponto de vista de um observador na Terra, o Sol realmente se deteve e voltou a se movimentar lentamente até o fim do dia, o que sugere uma visão de mundo geocêntrica. Se não foi o Sol que parou, foi a Terra que deixou de girar. Se isso acontecesse naturalmente, ou seja, se a Terra parasse de girar de forma repentina, é provável que toda a vida teria sido extinta. Afinal, a velocidade de rotação, por exemplo, em Brasília, é da ordem de 1.600 km/h. Qualquer pessoa ou coisa nesse paralelo seria arremessada tangencialmente para a atmosfera a essa velocidade. Uma catástrofe sem dimensões! Nesse caso, prefiro aceitar pela fé que Deus operou um grande milagre, como tantos outros” (Dr. Marcos Natal de Souza).

“A rigor, se a Terra para de girar, é tecnicamente correto dizer que o Sol para no céu. E isso não é Relatividade. Já se usavam diferentes referenciais na teoria de Newton também. Considerar a Terra como parada e o resto do Universo como girando ao redor é um referencial possível e até utilizado na prática, dependendo da aplicação. Não é tecnicamente errado fazer isso. O problema é que esse não é um referencial inercial e faz com que as leis físicas pareçam muito mais complexas do que o necessário. Por isso, em geral, os físicos usam outros referenciais. Também trabalhamos com abordagens independentes de referenciais. Na Relatividade, por exemplo, podemos usar uma notação da Geometria Diferencial que independe de referenciais, mas normalmente preferimos trabalhar com referenciais que simplifiquem os cálculos, após provar que as equações utilizadas são válidas em todos os referenciais. Outro detalhe: se frearmos um carro bruscamente, sentimos os efeitos da aceleração. Se o carro bater, a aceleração (taxa de alteração de velocidade) é tão alta que tem efeitos catastróficos. Mas, se pararmos um carro por meio de um campo gravitacional, ninguém nota. Se Deus parou a rotação da Terra por meio de um campo gravitacional bem planejado, isso não causaria qualquer efeito observável na Terra. Em suma, quando Josué diz que o Sol parou, está tecnicamente correto, pois o referencial usado era obviamente o do ambiente dele, ou seja, da superfície da Terra” (Eduardo Lutz).

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