terça-feira, novembro 02, 2010

Beijo na boca é pecado?

Querido irmão Michelson, me sinto muito feliz ao saber que na minha vida a vontade de Deus está se cumprindo. Porém, tenho algumas dúvidas no que diz respeito a namoro. Tenho 17 anos, sou adventista, e nunca namorei antes. Estou pretendendo começar agora e com o “pé direito” (conforme a vontade de Deus). Ao estudar a Bíblia tenho visto que ela quando se refere a “toque” entre pessoas do sexo oposto sempre é no contexto sexual (para confirmar leia Gn 20:4, 6; Rt 2:9; Pv 6:29). Pergunto: pode-se beijar na boca em um namoro cristão apenas como demonstração de afeto e não como um convite a algo mais? Deus não se entristecerá com essa atitude? Desde já, obrigado pela resposta. – J.

Prezado irmão J., sua preocupação é legítima e se constitui num bom sinal, já que muitos jovens não se preocupam hoje com esses “detalhes” de um namoro. A verdade é que todo namoro deveria ter início com ênfase no aspecto da comunicação, do diálogo. É assim que se conhece alguém e se pode perceber se é a pessoa certa com quem se quer passar o resto da vida. Afinal, embora nem todo namoro conduza necessariamente ao casamento, todo namoro deve ter isso em vista. Se o objetivo não é levar a coisa a sério (ainda que percebam depois que não devem se casar), melhor é nem começar.

O assunto das carícias é algo muito sério e deve ser considerado antes de se iniciar o relacionamento. Quando mantemos a mente pura, guiada pelo Espírito Santo, sabemos até onde podemos ir. As carícias (com seus devidos limites) fazem parte da demonstração de carinho que deve haver em um relacionamento mais íntimo que a amizade (o namoro). Sobre esse assunto, recomendo-lhe a leitura do livreto Namoro no Escuro (já esgotado na Casa, mas que algum irmão deve ter). Ali existe uma referência ao “retângulo do Dr. Tabuenca”, e que pode ser útil no estabelecimento de limites para as carícias. Segundo Tabuenca, deve-se imaginar um retângulo que vá da altura e da largura dos ombros da moça até seus joelhos (talvez mais abaixo seja melhor). Tudo o que fica de fora desse retângulo imaginário pode ser acariciado. Acariciar o que fica dentro do retângulo pode levar à excitação sexual e ao pecado, ainda que mesmo “apenas” na mente. E daí ao “ponto de não retorno”, como diz o autor do livreto, é um pulinho.

Sobre o beijo, creio que o princípio é o mesmo. Deve-se evitar beijos muito “quentes”, que excitem e tragam pensamentos sexuais. Mas novamente faço a ressalva de que pode ser que os pensamentos impuros estejam na mente, de antemão. A moça pode estar beijando com um sentimento de puro romantismo, ao passo que o rapaz talvez esteja pensando em sexo. Por isso, repito, a pureza mental vale para tudo e é o princípio de tudo. Higiene mental (obtida pela leitura da Bíblia, dos livros do Espírito de Profecia, de bons livros religiosos e da oração) é algo a que devemos nos habituar, se queremos ser salvos para a eternidade e felizes já nesta vida.

Procurem iniciar e terminar cada encontro com uma oração e leiam bons livros sobre namoro juntos. Não fiquem muito tempo sozinhos, vivendo a tal da “solidão a dois”. Participem juntos de atividades em família e na igreja, que podem promover situações ricas para um conhecimento mútuo. Conheçam mais a mente, o caráter e as emoções um do outro do que o corpo. Isso pode aguardar o contexto correto, ou seja, o casamento. Até lá, aproveitem bem o tempo para se certificarem de que a decisão de se doarem completamente um ao outro é a mais acertada. Lembrem-se de que Ellen White diz que se deve orar quadruplicadamente quando o assunto é namoro, de tão séria que a questão é.

Além do livro Namoro no Escuro, há também o Namoro Completo, da Nancy Van Pelt, e o Cartas aos Jovens Namorados, de Ellen White, todos da Casa. Leiam e discutam os assuntos juntos. Essa é uma fase maravilhosa da vida. Quando vivido sob as orientações de Deus, mesmo que o namoro seja rompido no futuro, vocês poderão continuar amigos e se olhar nos olhos sem nenhum constrangimento. E se vierem a se casar, a aura de pureza, bênção e felicidade se perpetuará entre vocês, que serão, então, uma só carne (se Deus assim o quiser).

Só para deixar claro que beijo na boca não é pecado, o livro bíblico de Cantares traz o seguinte (no contexto do casamento): "Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho" (1:2).

Que Deus os abençoe.

(Michelson Borges, jornalista e mestre em Teologia)

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