O que a Bíblia diz sobre o consumo de vinho e outras bebidas alcoólicas?
A
Igreja Adventista do Sétimo dia mantém em seu corpo doutrinário, há mais de cem
anos, o ensinamento bíblico de que nosso corpo é o santuário do Espírito Santo
(1Co 6:19, 20). Uma vez que o corpo é propriedade do Senhor, somos Seus
mordomos nesse sentido – além de administrarmos para honra dEle diversos outros
aspectos da nossa vida, tais como as posses materiais, que também Lhe pertencem.
Temos, portanto, diante do Senhor, a
responsabilidade de cuidar da manutenção de nossa saúde a fim de poder servi-Lo
melhor, ser mais felizes neste mundo e inspirar nossos semelhantes a agir na
mesma direção para obtenção dos mesmos benefícios.
Fundamentados
no conceito de mordomia do corpo, os adventistas pregam desde seus primórdios a
completa abstenção de bebidas alcoólicas, crendo encontrar respaldo na Bíblia
para identificar nesse procedimento um dos requisitos de Deus para o estilo de
vida cristão. São chamadas de alcoólicas as bebidas cuja produção envolve
fermentação de açúcares contidos, entre outros, em frutas e cereais. O vinho, a
sidra e a cerveja, resultantes, respectivamente, da fermentação do suco de uva,
do suco de maçã e da cevada, são apenas alguns exemplos. Hoje também existem as
bebidas alcoólicas obtidas pelo processo de destilação, possuindo em geral teor
alcoólico mais acentuado. Até os dias atuais, o compromisso de não ingerir
bebidas alcoólicas – independentemente do gênero – é um dos itens que compõem o
voto público que o futuro membro realiza por ocasião do seu batismo na Igreja
Adventista.
Ocorre
que muitos adventistas têm decidido ignorar o compromisso assumido nessa
cerimônia, continuando (ou, em algum momento, passando) a inserir bebidas
alcoólicas em seu cardápio eventual. Esses membros – cuja espiritualidade e
sinceridade sem dúvida não podem nem devem aqui ser questionadas – argumentam
que o fato de não haver em nenhum livro da Bíblia uma ordem direta da parte de
Deus para que Seu povo como um todo se abstenha completamente do uso de vinho
fermentado e de outras bebidas alcoólicas significa que Ele aprova esse uso,
desde que moderado. Para eles, o que Deus repudia é, especificamente, o estado
de embriaguez. Há, inclusive, por parte de alguns, uma concepção equivocada de
que o vinho fermentado ocupa, na Bíblia, um patamar diferenciado daquele ao
qual pertencem as bebidas alcoólicas obtidas de outras fontes.
Uma
vez que essa atitude obviamente entra em conflito com um padrão de estilo de
vida absolutamente consagrado por mais de um século de história do adventismo –
consistindo, inclusive, em uma das marcas pelas quais o movimento vem chamando
a atenção do mundo no decorrer desse tempo –, o autor destas linhas acredita
que sérias considerações precisam ser feitas antes que se tome como correta a
conclusão de que Deus permite o uso moderado de bebidas alcoólicas. O ensaio
abaixo, sem a pretensão de esgotar de forma cabal o assunto, reúne o maior
número de considerações que o autor julgou relevantes, argumentando com base,
em primeiro lugar, nas Escrituras, e, por fim, nos escritos de Ellen G. White.
Aprovação ou tolerância
de Deus?
Realmente,
não há na Bíblia uma ordem divina proibitiva direta para a igreja abster-se totalmente
das bebidas alcoólicas. Assim como também não há uma ordem direta da parte de
Deus proibindo que os homens escravizem seu próximo, prática que ainda era presente
entre cristãos nos tempos apostólicos (ver, por exemplo, a carta de Paulo a
Filemom) e que persistiu por muitos séculos depois. Ninguém hoje em dia
concordaria com o pensamento de que Deus aprova a escravatura, e, no entanto,
em nenhuma parte da Bíblia existe uma proibição divina direta para ela. Sabemos
que essa prática é ofensiva aos olhos de Deus porque conhecemos e prezamos os
conceitos de graça, amor, respeito, justiça e fraternidade que a Palavra de
Deus nos apresenta.
Por
que, então, Deus parece haver aprovado a escravidão, especialmente nos tempos do
Antigo Testamento? Havia, inclusive, dispositivos legais no código dado por
Deus a Moisés que regularizavam o trato dos senhores com seus escravos (ver,
por exemplo, Êx 21:16, 20). Outra pergunta semelhante diz respeito ao
casamento. Se o Novo Testamento é tão taxativo quanto ao casamento monogâmico
(com um parceiro apenas), por que Deus permitiu a prática da poligamia e do divórcio
no passado (da mesma forma, com leis específicas regularizando o assunto no
código mosaico)? A resposta foi dada por Jesus aos fariseus: “Por causa da dureza
do vosso coração [...]; entretanto, não foi assim desde o princípio” (Mt 19:8).
A
partir dessa importante afirmação feita por Cristo, conclui-se que Deus não deve
ser visto como aprovando aquilo que Ele apenas tolerou temporariamente por
causa da tremenda ignorância que motivava coletivamente a prática errônea. Muitos
fariseus e outros homens judeus do primeiro século aproveitavam-se da brecha
encontrada na lei para repudiar suas mulheres e casarem-se novamente com
mulheres mais jovens. Jesus, porém, afirmou que o único motivo aceitável para o
divórcio aos olhos de Deus é a prática de relações sexuais ilícitas (Mt 19:9).
Cabe
aqui a observação de que Cristo, em diversas partes dos evangelhos, amplia a
abrangência da lei de Deus, tornando-a ainda mais rigorosa quanto ao que se
deve ou não fazer – contrariamente à ideia divulgada por muitas denominações
cristãs de que Jesus veio para abolir a lei do Antigo Testamento ou trocá-la
por um novo sistema, mais brando. Outro exemplo pode ser visto no capítulo 5 de
Mateus, onde Cristo afirma que o mandamento “não matarás” inclui muito mais do
que tirar literalmente a vida de alguém. Segundo Ele, lançar no rosto do
próximo insultos ou termos de baixo calão já torna o indivíduo um sério
candidato à perdição eterna (as palavras não poderiam ser mais fortes: “estará
sujeito ao inferno de fogo” [5:22]).
Pois
bem, Deus também tolerou (sem aprovar – e mais à frente se discutirão os textos
bíblicos que indicam o desprazer de Deus nesse sentido) o uso de vinho e outras
bebidas alcoólicas, quando tirou os israelitas do Egito. Eis uma das passagens
mais representativas: “Esse dinheiro, dá-lo-ás por tudo o que deseja a tua
alma, por vacas, ou ovelhas, ou vinho, ou bebida forte [aquela produzida a
partir de outros frutos da terra, com teor alcoólico superior ao do vinho], ou
qualquer coisa que te pedir a tua alma; come-o ali perante o Senhor, teu Deus,
e te alegrarás, tu e a tua casa” (Dt 14:26). Note-se aqui que a lei mosaica
está permitindo tanto o uso do vinho fermentado quanto da bebida forte (cuja
ação entorpecente, em alguns casos, pode ser mais intensa que a do vinho). Os
que advogam a permissão divina atual para o consumo de vinho com base em textos
como esse, também deveriam considerar exatamente da mesma forma o caso das
outras bebidas, pois a Bíblia coloca ambos os gêneros (vinho e bebidas fortes)
no mesmo patamar.
No
entanto, considerando os efeitos nocivos (físicos e sociais) do uso das
chamadas bebidas fortes – tão amplamente conhecidos por todos nós e fartamente
exemplificados no texto sagrado –, é impossível admitir sem, ao menos, alguma
reserva que Deus aprecie o consumo desse item entre Seus filhos. Sendo assim,
por que teria permitido seu uso em Deuteronômio? A explicação para isso só pode
ser encontrada nas palavras de Jesus citadas acima: foi a dureza de coração, a grosseira
ignorância de um povo que acabava de sair de 400 anos de escravidão numa nação
com um estilo de vida e de adoração dos mais abomináveis da história deste
mundo, que motivou essa tolerância temporária da parte de Deus.
Resumindo,
o pecado sempre foi ofensivo aos olhos do Senhor, em todas as épocas, mas é
especialmente a partir dos tempos do Novo Testamento que o conhecimento do
significado, da malignidade e das consequências do pecado ficou totalmente
claro e patente aos olhos da igreja. É por esse motivo que os requisitos de
Deus quanto ao comportamento de Seus filhos hoje parecem ser ainda mais
rigorosos do que no passado: hoje temos conhecimento claro da batalha
espiritual invisível que o Espírito Santo e os anjos de Deus travam contra
Satanás e seus agentes pelo controle dos seres humanos. E sabemos (ou
deveríamos saber) que temos um papel importante a desempenhar no sentido de
favorecer e contribuir com o trabalho do Espírito de Deus para a santificação
da nossa própria vida e da vida dos nossos semelhantes. Santificação significa
abandono gradativo do pecado e dos maus hábitos, paralelamente a uma entrega
cada vez maior à vontade do nosso Criador. Santificação é o efeito de nos
separarmos para Deus e nos consagrarmos diariamente a Ele.
A visão bíblica da
ingestão de bebidas alcoólicas
A
primeira menção ao vinho fermentado que aparece na Bíblia se encontra em
Gênesis 9. O texto relata que Noé, após o dilúvio, plantou uma vinha e se
embriagou com a bebida por ele produzida. Bêbado, fez coisas típicas de uma
pessoa com a mente entorpecida – coisas, diga-se de passagem, que a razão e a
mente ajuizada dirigida por princípios éticos não nos permitem fazer quando
estamos sóbrios. Muitos hoje poderiam achar graça na história, assim como
muitos se divertem com as tolices que uma pessoa é capaz de fazer ou dizer
quando está sob o efeito do álcool. A Bíblia, porém, trata o episódio como
sendo da maior gravidade. Por causa de um momento prazeroso (e ninguém negará o
prazer envolvido no ato de consumir o vinho: além do sabor agradável, existe a
sensação de leveza e descontração proporcionada pelo efeito entorpecente da
bebida), a vergonha se abateu sobre uma família e uma nação futura foi
amaldiçoada.
Em
Deuteronômio, se registrou a permissão tolerante de Deus para o consumo do
vinho e de bebida fermentada em função da rudeza do Seu povo recém-saído da
escravidão, conforme se viu acima. É também sob esse prisma que deveriam ser compreendidas
passagens como a seguinte: “Fazes crescer a relva para os animais e as plantas,
para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão, o vinho, que
alegra o coração do homem, o azeite, que lhe dá brilho ao rosto, e o alimento,
que lhe sustém as forças” (Sl 104:14, 15). Existem duas palavras para a bebida
feita com uvas no Antigo Testamento, yayim
(normalmente o vinho fermentado, embriagante) e tirosh (suco de uva). No caso do Salmo em questão, a palavra é yayim.
Se
bem que muitos considerem tratar-se de uma referência ao puro suco de uva, é
possível que a recomendação de Paulo em 1 Timóteo 3:8 – “Semelhantemente,
quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não
inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância” – também se
encaixe no mesmo contexto da permissão tolerante de Deus em face, agora, da
conversão ao cristianismo de indivíduos provenientes da licenciosa cultura
greco-romana. Trata-se de um texto difícil, não há dúvida, mas uma coisa é
certa: nenhuma doutrina (ou modo de proceder), do ponto de vista de nosso
relacionamento com Deus, deveria ser estabelecida a partir de textos bíblicos
isolados. O conjunto, o mais completo possível, é que deve sempre ser nosso
guia.
Paralelamente
a essa permissão tolerante, contudo, é absolutamente relevante a expressa (e
ameaçadora) proibição de bebidas alcoólicas no caso daqueles que estavam
envolvidos no serviço religioso: “Falou também o Senhor a Arão, dizendo: Vinho
ou bebida forte tu e teus filhos não bebereis quando entrardes na tenda da
congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas
gerações, para fazerdes diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e
o limpo e para ensinardes aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor
lhes tem falado por intermédio de Moisés” (Lv 10:8-11). Deus também proibia
diretamente o uso de vinho e bebida forte no caso dos nazireus, que eram homens
ou mulheres escolhidos por Deus desde o nascimento para um propósito especial,
ou que faziam voto de separação/consagração especial a Deus (Nm 6:1-4; veja um
exemplo de nazireado por escolha divina no caso de Sansão, em Jz 13).
No
caso dos sacerdotes (e, por extensão, também dos nazireus), note a finalidade
da proibição: (1) evitar que a mente fique embotada e perca – seja de forma
temporária ou definitiva – a noção do que é certo e puro aos olhos de Deus; e
(2) evitar que fosse interrompido o cumprimento da responsabilidade de ensinar (por
preceito e exemplo) a vontade de Deus aos semelhantes. Alguém poderia duvidar
de que o Senhor também anelasse a sobriedade do restante de Seu povo naquela
ocasião, embora não dispusesse isso de modo direto? Por que, no entanto, a
proibição direta ficou restrita a duas classes? O fato de os sacerdotes e os
nazireus constituírem um modelo de conduta em muitos aspectos para o povo de
Israel torna a ordem divina totalmente adequada.
Considerando
esse fato, seria ir além do que está escrito admitir que o mesmo exemplo de
sobriedade exigido dos sacerdotes e nazireus é requerido do povo do Senhor nos
dias de hoje? Cremos que não. Recorde-se o que 1 Pedro 2:9 registra acerca da
igreja cristã: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa [separada,
consagrada], povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as
virtudes daquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” “A fim
de proclamardes”: a verdade é proclamada tanto por meio do ensino da Palavra
quanto por meio de um comportamento santificado na Palavra do Senhor. Muitos
diriam, inclusive, que o exemplo comportamental de vida é mais poderoso que o
testemunho discursivo.
Um
exemplo maravilhoso de fidelidade e pureza foi demonstrado por Daniel e seus
amigos na corte de Babilônia (Dn 1). Ao lhes ser designado vinho (bem como alimentos
impuros ou impróprios para consumo), o profeta – ainda muito jovem nessa época
– recusou-se a bebê-lo. E se deve notar que, segundo os padrões então em voga,
o vinho da corte babilônica deveria ser de qualidade e sabor indiscutíveis – o
texto bíblico declara que era o vinho que o próprio rei bebia. Os termos da
narrativa são extremamente significativos: “Resolveu Daniel, firmemente, não
contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia;
então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se” (Dn
1:8). Observe bem a força da palavra usada: “contaminar-se” com o vinho. A Bíblia,
por fim, deixa claro que Daniel foi honrado pelo Senhor devido a essa atitude
de domínio próprio. Deveríamos rejeitar a ideia de que a atitude de Daniel
serve de exemplo para os cristãos (especialmente jovens) de hoje? Dificilmente
um cristão sincero concordaria com isso.
No
livro de Habacuque é pronunciada uma maldição contra aquele que oferece bebida
ao seu próximo. Primeiramente, Deus declara: “Assim como o vinho é enganoso,
tampouco permanece o arrogante, cuja gananciosa boca se escancara como o
sepulcro e é como a morte, que não se farta” (2:5) E, depois: “Ai daquele que
dá de beber ao seu companheiro, misturando à bebida o seu furor, e que o
embebeda para lhe contemplar as vergonhas” (2:15).
Mencione-se,
como encerramento desta seção, o capítulo 35 do livro de Jeremias. Ali, Deus
exalta a atitude dos recabitas, que, em obediência ao ensinamento de seu
patriarca, Jonadabe (filho de Recabe), se recusaram a beber o vinho que lhes
era oferecido. O Senhor, por meio do seu profeta, exalta a atitude dos
recabitas, confrontando-a com a infidelidade demonstrada por Jerusalém em
relação a Ele.
O tratamento dado à
bebida alcoólica em Provérbios
O
livro de Provérbios constitui uma fonte essencial do Antigo Testamento no
tratamento do tema das bebidas alcoólicas. Em nenhum outro texto a desaprovação
de Deus é apresentada de forma mais contundente. É bom lembrar que todo o
conteúdo do livro deve ser lido e meditado à luz do propósito geral explicitado
no início da obra: “Para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as
palavras de inteligência; para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o
juízo e a equidade; para dar aos simples prudência e aos jovens, conhecimento e
bom siso” (Pv 1:2-4); mas, sobretudo, à luz da máxima: “O temor do Senhor é o
princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino” (1:7).
Embora
não se tratem de ordens diretas de Deus para abstinência de vinho e bebida
forte, os seguintes trechos da obra de Salomão contêm conselhos e repreensões
que, originadas em Deus por meio da iluminação da mente do rei Salomão,
deveriam ser encaradas como a expressão da vontade do Senhor nessa matéria,
para o nosso bem:
Provérbios
20:1: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele que
por eles é vencido não é sábio.”
Provérbios
23:29-35: “Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas?
Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos
vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando
bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando
resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá como a cobra e
picará como o basilisco. Os teus olhos verão coisas esquisitas, e o teu coração
falará perversidades. Serás como o que se deita no meio do mar e como o que se
deita no alto do mastro e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e
não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber.”
A
bebida alcoólica provoca no ser humano um estado de ânimo incompatível com o
espírito de sabedoria que vem do temor de Deus. Além disso, normalmente, os
contextos sociais em que se tomam bebidas alcoólicas são contextos nos quais
dificilmente se conseguiria invocar a presença de Deus. Com base na leitura
apenas do primeiro dos dois textos, alguém poderia argumentar que o “ser
vencido” pelas bebidas alcoólicas estaria se referindo somente à embriaguez, ou
seja, não haveria problema nenhum diante de Deus em beber apenas um pouco e não
chegar àquele estado. Mas o segundo trecho não deixa dúvidas: “Não olhes”, não
te aproximes... A linha que separa a sobriedade da embriaguez pode ser muito
tênue – aquele que bebe considera a bebida inofensiva, crendo que terá sempre o
controle sobre ela; no entanto, conforme o provérbio, o efeito do álcool é
traiçoeiro e muitas vezes imprevisível. Além disso, quem bebe, mesmo que não se
embriague, está servindo de exemplo para outro que talvez não tenha o mesmo
nível de autocontrole. E a Bíblia responsabiliza aquele que, mesmo de forma
indireta, induz o seu próximo à queda.
Provérbios
31:4, 5: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho,
nem dos príncipes desejar bebida forte. Para que não bebam, e se esqueçam da
lei, e pervertam o direito de todos os aflitos.”
Se
para os reis não é próprio, para os cidadãos comuns o seria? Evidentemente que
não, e pelos mesmos motivos. O ato de beber prejudica a sensibilidade
espiritual e a capacidade de juízo e raciocínio e, portanto, não combina com a
piedade de um filho de Deus. O simples fato de se desejar tal tipo de bebida é
condenado pela Bíblia já nos tempos do Antigo Testamento.
Vinho para uso
medicinal e o milagre em Caná
Provérbios
31:6, 7 traz o seguinte: “Dai bebida forte aos que perecem e vinho, aos
amargurados de espírito; para que bebam, e se esqueçam da sua pobreza, e de
suas fadigas não se lembrem mais.” Interessantíssimo é esse texto em que o uso
da bebida alcoólica é sugerido como meio anestésico em caso de indivíduos
desenganados, a fim de aliviar-lhes o sofrimento nos últimos momentos. Tratava-se
de uma época em que não havia à disposição os métodos de que hoje dispomos para
diminuição da sensibilidade de pacientes terminais, com dor crônica ou em processo
cirúrgico. Ofereceram, inclusive, para Jesus crucificado uma poção embriagante,
a qual o Senhor recusou a fim de manter as faculdades totalmente despertas em
sua prova final (Mt 27:34).
Há
um texto no Novo Testamento que pode estar se referindo a uma questão
semelhante: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por
causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1Tm 5:23). Aqui,
Paulo aconselha Timóteo a não beber apenas água – possivelmente devido à
dificuldade, muitas vezes, de encontrar água potável durante as viagens
missionárias –, mas também “um pouco de vinho”. Ora, no texto original do Novo
Testamento, existe uma só palavra grega (oinos)
para designar tanto o vinho fermentado, como o puro suco de uva. O contexto é
que deve orientar a tradução nesses casos.
Alguns
afirmam que Paulo aqui não poderia estar aconselhando Timóteo a beber vinho
fermentado, porque estaria contrariando o ensino bíblico acerca das bebidas
alcoólicas. É possível que seja assim, uma vez que suco de uva sabidamente é um
rico alimento e um poderoso remédio natural (algumas clínicas contemporâneas
tratam enfermidades gravíssimas utilizando dieta a base desse suco). A mensagem
de Deus por intermédio do profeta Isaías acerca do “vinho [tirosh] num cacho de uvas” é a seguinte: “Não o desperdices, pois
há bênção nele.” No entanto, se Paulo estiver se referindo ao vinho alcoólico,
observe sua ênfase de que deve ser pouco e com propósitos medicinais. Essa passagem
especificamente é de difícil compreensão, mas seja ela qual for, o autor deste
texto acredita que o princípio bíblico está aqui preservado.
Alguns
acreditam que a bebida (oinos) fabricada
miraculosamente por Cristo nas bodas de Caná (João 2) deve ter sido o vinho
fermentado. Baseiam essa conclusão no comentário feito pelo mestre-sala de que,
contrariamente ao que estava acontecendo naquela festa, normalmente se servia
primeiro o vinho bom e, depois que todos já haviam bebido fartamente, é que se
servia o inferior. O argumento é o de que o mestre-sala só podia estar falando
de vinho alcoólico: este entorpeceria os sentidos dos seus bebedores no início
da festa, de modo que eles não se incomodariam com a qualidade inferior do
vinho servido por último.
Em
primeiro lugar, embora tenha sua força, o argumento não é conclusivo, pois
também se poderia argumentar que talvez se tratasse de um costume estabelecido
naquele contexto e época o oferecimento do melhor da casa já no início da festa.
Em
segundo lugar, Cristo não poderia ter fabricado vinho alcoólico, cujo efeito sobre
muitos dos convidados, após beberem “fartamente” (palavra utilizada pelo
próprio texto), certamente seria aquele descrito em Provérbios. Ele estaria trazendo
para Si, em última instância, a responsabilidade pela intoxicação alcoólica
daquelas pessoas. Além disso, o Senhor não poderia contrariar o ensino que o
Espírito posteriormente transmitiria através de Paulo: “Não sabeis que sois
santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o
santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós,
é sagrado” (1Co 3:16, 17). E, além disso: “Portanto, quer comais, quer bebais
ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (10:31).
Há,
ainda, uma terceira consideração, que é a de que o suco puro da uva é um
símbolo utilizado por Cristo para o Seu sangue, cujo derramamento nos dá vida e
nos purifica de todo o pecado. Há, no milagre efetuado em Caná (o primeiro do
ministério público de Jesus), um significado teológico extraordinário ligado à
morte do Salvador e à mudança por ela operada na vida daqueles que O aceitam.
Assim, definitivamente, o vinho produzido pelo Senhor era um suco de uva de
qualidade tão excepcional, que impressionou o mestre-sala e chamou a atenção do
público para o ministério do Senhor.
O papel especial da
igreja cristã no tempo do fim
Já
vimos que o Novo Testamento considera a igreja cristã como sendo o verdadeiro
sacerdócio e a nação santa (separada). No Antigo Testamento, havia indivíduos
especialmente separados para servir ao Senhor: os sacerdotes e os nazireus.
Eles deveriam ser instrumentos privilegiados nas mãos de Deus para instruir o
povo do Senhor nos Seus santos caminhos, tanto pelo ensino direto, quanto pela conduta
de vida exemplar.
A
mesma responsabilidade no sentido de servir de modelo de boas obras, segundo a
vontade do Senhor, é transferida pelo Novo Testamento a toda a igreja cristã. E
se a igreja cristã como um todo são os sacerdotes e nazireus modernos, não
parece ser uma distorção da mensagem bíblica entender que o mesmo exemplo de
domínio próprio/abstinência que Deus ordenou a essas duas classes no Antigo
Testamento é o mesmo que Ele espera do povo cuja missão é preparar o mundo para
a segunda vinda de Cristo. E é precisamente por esse motivo que Cristo e Seus
discípulos enfatizaram tanto a necessidade de pureza e retidão moral por parte
da igreja: “Aquele que diz estar nEle, também deve andar como Ele andou” (1Jo
2:6).
“Finalmente,
irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma
virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”
(Fp 4:8).
“Quanto
ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as
concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos
revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes
da verdade” (Ef 4:22-24).
“Ora,
as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,
idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias,
dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a
estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que
não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. Mas o fruto do
Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl
5:19-23).
“Torna-te,
pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência,
linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não
tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito” (Tt 2:7, 8).
“Ninguém
despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra,
no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1Tm 4:12).
“Possa
Ele vos confirmar os corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade
diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 3:13).
“Pois
Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santificação” (1Ts 4:7).
“Não
vos embriagueis com vinho, em que há devassidão, mas enchei-vos do Espírito”
(Ef 5:18).
“Não
entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção” (Ef 4:30).
Considerações finais (o
pensamento de Ellen G. White)
Após
considerar o conjunto das informações apresentadas pela Bíblia acerca do uso de
vinho e de outras bebidas alcoólicas, bem como as exortações bíblicas acerca de
como deve ser a vida daqueles que se entregam a Jesus e passam a fazer parte da
comunidade de crentes pré-advento (com a importante missão de representar seu
Salvador e difundir Sua vontade diante de um mundo que perece nestes últimos
dias de história da Terra), cremos não ser sensato sustentar a posição de que
Deus aprova o uso, mesmo que moderado, dessas bebidas.
Embora
não haja proibição expressa no Antigo Testamento, salvo com relação ao
sacerdócio e ao nazireado, a forma como o texto sagrado trata do assunto indica
qual é a posição divina em relação a ele. O uso de bebidas alcoólicas entorpece
os sentidos, afastando a mente das coisas espirituais. Mesmo que o indivíduo
tenha o hábito de consumir apenas doses muito pequenas, de vez em quando e,
aparentemente, não haja o menor prejuízo para sua saúde, isso não pode ser
usado como argumento a favor do uso de vinho ou outras bebidas fermentadas ou
destiladas, assim como o consumo eventual e moderado de carne suína (aparentemente
inofensivo) não pode ser usado como licença para a transgressão da proibição
alimentar feita por Deus. Pecado é pecado, independentemente do tamanho. Aliás,
a Bíblia adverte que “aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado”
(Tg 4:17), e também que a misericórdia de Deus é para aquele que confessa e procura
abandonar a prática da transgressão (Pv 28:13).
Além
disso, é importante frisar novamente a questão do exemplo. Cada um de nós é
responsável, em algum grau, pelo exemplo que outros veem em nós. Podemos até
ser “autocontrolados” no sentido de usarmos da bebida alcoólica de forma
moderada, mas aqueles que são influenciados pelo nosso exemplo poderão não ser.
As terríveis consequências do uso do álcool na vida de incontáveis indivíduos e
famílias são por demais conhecidas para que se precise enumerá-las aqui. O
consumo moderado, digamos “social” ou “familiar”, normalmente é a porta de
entrada do vício. E mesmo que não haja consequências físicas, materiais ou
sociais, existe o perigo espiritual: desafiar a vontade de Deus em coisas
pequenas (“É só um pouquinho; e é tão gostoso... que mal há?”) abre espaço para
o desrespeito e a controvérsia em coisas cada vez mais sérias.
Agora,
uma consideração em especial quanto aos adventistas. Temos aprendido – e o
apoio bíblico para essa compreensão é vasto – que Deus despertou um grupo de
crentes no século 19 para dar início a um movimento religioso de amplitude
mundial. A Igreja Adventista do Sétimo Dia foi suscitada pelo Senhor com o
propósito de restaurar os pontos da verdade que, após um processo iniciado
séculos antes, ainda haviam ficado por ser restaurados, incluída entre eles a
reforma de saúde. Além dos diversos homens e mulheres que estudaram as
Escrituras e receberam iluminação especial do Espírito Santo para discernir
entre o certo e o errado ao formar o corpo doutrinário do movimento, Deus ainda
concedeu à Sua igreja o dom profético, manifestado na pessoa de Ellen G. White.
Em
6 de junho de 1863, essa pioneira do adventismo teve aquela que ficou conhecida
como a “grande visão da reforma da saúde”. A partir de então, ela começou a
escrever e pregar fervorosamente sobre o assunto. Graças à orientação profética
e ao trabalho de gerações de irmãos na difusão da mensagem da saúde, a Igreja
Adventista do Sétimo Dia passou a ser reconhecida mundialmente pela importância
que confere a esse aspecto da vida – um reconhecimento que, infelizmente, é
prejudicado em grande medida nos nossos dias pela intemperança dos membros da
igreja. A seguir, são reproduzidos alguns trechos de Ellen G. White, extraídos
de obras publicadas em português. Cremos que são muito significativos e lançam
mais alguma luz sobre o tema das bebidas alcoólicas, além do que já vimos
acima.
“Qualquer
hábito que não promova ação saudável no organismo humano degrada as faculdades
mais altas e mais nobres. Hábitos errôneos no comer e no beber levam a erros de
pensamento e de ação. A tolerância para com o apetite fortalece as propensões
sensuais, dando-lhes ascendência sobre as faculdades mentais e espirituais. ‘Que
vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma’ (1Pd
2:11) é a linguagem do apóstolo Pedro. Muitos admitem esta advertência como
aplicando-se apenas aos licenciosos; mas ela tem significado mais amplo; guarda
contra toda satisfação danosa do apetite ou das paixões. É uma advertência
muito vigorosa contra o uso de estimulantes e narcóticos tais como chá, café,
fumo, álcool e morfina. A tolerância para com isto pode muito bem ser
classificada entre as concupiscências que exercem nociva influência sobre o
caráter. Quanto mais cedo são esses hábitos formados, mais firmemente eles
mantêm suas vítimas na escravidão da condescendência e mais seguramente
rebaixarão eles a norma de espiritualidade” (Review and Herald, 25 de janeiro de 1881, republicado em Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p.
62, 63).
“Ensinai
vossos filhos a evitar os estimulantes. Quantos estão ignorantemente promovendo
neles um apetite por essas coisas! Na Europa vi enfermeiras chegando aos lábios
de pequeninos inocentes o copo de vinho ou cerveja, cultivando assim neles o
gosto pelos estimulantes. Ao crescerem, aprendem a depender mais e mais dessas
coisas, até que, a pouco e pouco, são vencidos, sendo arrastados para além do
alcance do auxílio” (Conselhos Sobre Regime
Alimentar, p. 236).
Pergunta-se:
qual é o exemplo cristão que eu, pai adventista, quero deixar para os meus
filhos? Estou ensinando meus filhos a agir como Daniel, ou a condescender com o
uso do que Deus considera impróprio para consumo humano, colocando, inclusive,
a saúde e o caráter deles em risco? Estou ensinando meus filhos a respeitar (e
amar) um ensinamento básico que acompanha a Igreja Adventista do Sétimo Dia
desde os seus primórdios, ou os estou ensinando a duvidar dos rumos assumidos
pela igreja nesse ponto? Quem me garantirá que meus filhos não começarão a
questionar ou a desprezar outros ensinamentos da igreja e o próprio papel
especial dela no tempo do fim? Como fica, enfim, o compromisso que assumi
diante de Deus e da igreja, quando fui batizado, de me abster das bebidas
alcoólicas e não dar motivo para escândalo tanto aos de dentro como aos que me
observam de fora? Jesus disse: “Ai do homem por quem os escândalos vêm” (Mt
18:7). As implicações corrosivas do mau exemplo são extensas, sem a menor
dúvida.
Em
relação ao beber moderado, o alerta da autora é incisivo: “A intoxicação é
produzida tão positivamente pelo vinho, cerveja e sidra, como pelas bebidas
mais fortes. O uso delas suscita o gosto pelas outras, estabelecendo-se assim o
hábito da bebida. O beber moderado é a escola em que os homens se educam para a
carreira da embriaguez. Todavia, tão perigosa é a obra desses estimulantes mais
brandos que a vítima entra no caminho da embriaguez antes de suspeitar o perigo
em que se encontra” (A Ciência do Bom
Viver, p. 332).
Por
último, e com eles encerra-se este ensaio, seguem trechos de alguns escritos,
compilados nas páginas 154 a 156 do livro Conselhos
Sobre o Regime Alimentar:
“Daniel
avaliava suas capacidades humanas, mas nelas não confiava. Sua confiança estava
na força que Deus prometeu a todos os que forem ter com Ele em humilde
dependência, confiando inteiramente no Seu poder. Ele propôs em seu coração não
se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia;
pois sabia que semelhante regime não lhe fortaleceria as faculdades físicas nem
aumentaria sua capacidade mental. Não usaria vinho, nem qualquer outro
estimulante artificial; não faria coisa alguma que lhe entorpecesse a mente; e
Deus lhe deu ‘o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria’,
e também ‘entendimento em toda visão e sonhos’ (Dn 1:17).
“Os
pais de Daniel educaram-no, em sua infância, em hábitos de estrita temperança.
Haviam-lhe ensinado que devia conformar-se com as leis da natureza em todos os
seus hábitos; que seu comer e beber tinham influência direta sobre sua natureza
física, mental e moral, e que ele era responsável a Deus por suas capacidades;
pois considerava a todas como dom de Deus, e não devia, por qualquer
procedimento, atrofiá-las ou mutilá-las. Em resultado deste ensino, em sua
mente exaltava a lei de Deus, e a reverenciava no coração.
“Durante
os primeiros anos de seu cativeiro, passou Daniel por uma prova severa que o
devia familiarizar com a grandeza da corte, com a hipocrisia e o paganismo.
Estranha escola, com efeito, para prepará-lo para uma vida de sobriedade,
diligência e fidelidade! E todavia viveu incorrupto pela atmosfera do mal de
que se achava rodeado. A experiência de Daniel e seus jovens companheiros
ilustra os benefícios que podem provir de um regime abstêmio, e mostra o que
Deus fará em favor dos que com Ele cooperarem na purificação e enobrecimento da
alma. Eram eles uma honra a Deus, e uma viva e brilhante luz na corte de
Babilônia.
“Nesta
história ouvimos a voz de Deus dirigindo-se a nós individualmente,
ordenando-nos que reunamos todos os preciosos raios de luz sobre este assunto
da temperança cristã, e nos coloquemos na devida relação para com as leis da
saúde” (Christian Temperance and Bible
Hygiene, p. 22, 23).
“Que
seria se Daniel e seus companheiros se tivessem comprometido com aqueles
funcionários pagãos, e tivessem cedido à pressão do momento, comendo e bebendo
como era costumeiro entre os babilônios? Esse único exemplo de desvio do
princípio ter-lhes-ia enfraquecido o senso da justiça e sua aversão ao mal. A
condescendência com o apetite teria implicado no sacrifício do vigor físico, da
clareza do intelecto e do poder espiritual. Um só passo errado, provavelmente
teria levado a outros, até que, cortada sua ligação com o Céu, tivessem sido
arrebatados pela tentação” (Review and
Herald, 25 de janeiro de 1881).
“Quando
reconhecemos as ordens de Deus, vemos que Ele requer que sejamos temperantes em
todas as coisas. A finalidade de nossa criação é glorificarmos a Deus em nosso
corpo e nosso espírito, que a Ele pertencem. Como podemos fazer isso se
condescendemos com o apetite, para prejuízo das faculdades físicas e morais?
Deus requer que apresentemos nosso corpo em sacrifício vivo. É-nos, pois,
imposto o dever de preservar esse corpo na melhor condição de saúde, a fim de
que possamos cumprir o que Ele de nós requer. ‘Portanto, quer comais, quer bebais
ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus’ (1Co 10:31)” (Testimonies, v. 2, p. 65).
(Renato Groger, mestre
em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero e bacharel em Teologia pelo Unasp;
artigo escrito para o blog www.criacionismo.com.br)