Disseram-me
que Ellen White e seu esposo têm, cada um, um obelisco em suas sepulturas. Isso
é verdade, e, se é, podem contar-me a história que existe por trás disso?
Algumas
pessoas têm expressado surpresa e preocupação ao verem um monumento no formato
de um obelisco no cemitério da família de Tiago e Ellen White. O obelisco (um,
apenas) não é uma lápide para uma das pessoas ali enterradas, mas um marco
familiar no centro do lote. A preocupação surge por causa da conexão que existe
entre obeliscos e o culto pagão do Egito, bem como outras associações
questionáveis. Evidentemente, contudo, muitas pessoas no século 19 não
consideravam isso um problema. Os obeliscos eram marcos comuns nos cemitérios
daquele tempo. Nas proximidades do mausoléu da família White, existem algo como
20 ou 30 outras sepulturas com marcos em forma de obelisco. Uma situação
semelhante existe no cemitério de Rochester, Nova York, onde alguns pioneiros
do adventismo foram sepultados. É pouco provável que toda essa gente fosse
maçom ou adeptos de religiões antigas que adoravam o Sol. O uso de obeliscos
como marcos de cemitérios era apenas uma prática comum, não um tributo à
maçonaria ou a crenças pagãs. Os adventistas daquela época pareciam estar entre
os que não viam nenhum problema no uso de obeliscos.
Recentemente,
encontramos uma correspondência relacionada a essa questão entre as cartas de
George I. Butler, que era o presidente de Associação Geral quando Tiago White
morreu, em 1881, e por vários anos após. Em 12 de fevereiro de 1884, o Pastor
Butler escreveu para a Sra. White: “O monumento de granito escuro em B.C.
(Battle Creek) que a senhora viu, eu o encomendei na semana passada, a pedido
do seu filho Willie. Ele me disse que debitasse essa despesa em sua conta.”
Isso
indica que a Sra. White tinha visto o monumento escolhido, e provavelmente W.
C. White também. Ele aprovou a compra. Uma carta do pastor Butler para W. C.
White, em 10 de fevereiro daquele ano, discutia o custo do monumento “com a
lápide e outras pedras”, dizendo que ele “será erigido tão logo a senhora mande
a inscrição”. Fica claro que a família White estava envolvida na escolha do
monumento.
Vinte anos
mais tarde, em 1904, a Sra. White escreveu sobre uma sugestão diferente para a
lápide de Tiago White: “‘Nunca!’, disse eu, ‘nunca! Ele fez, sozinho, o
trabalho de três homens. Nunca será colocado sobre seu túmulo um monumento
partido’” (Mensagens Escolhidas, v.
1, p. 105). Só podemos conjecturar, mas pode ser que no contraste presente
nessa sugestão, ela estivesse bastante satisfeita por ter um monumento bem
moldado e simétrico colocado no cemitério da família.
Alguns têm
perguntado sobre a suposta conexão do obelisco com a maçonaria. Ao verem o
obelisco na sepultura da família, uns poucos até chegaram a supor que a própria
Sra. White devia ter estado envolvida com o movimento maçônico. Essa é uma
conclusão sem qualquer garantia. A Sra. White era uma franca opositora da
maçonaria. Enquanto estava na Austrália, ela insistiu com um obreiro adventista
que estava envolvido com a maçonaria para que cortasse sua conexão com o movimento.
Ela também aconselhou outros contra o envolvimento com ordens maçônicas (ver Evangelismo, p. 617-623; Mensagens
Escolhidas, v. 2, p. 120-140).
Qual a
razão, então, para haver um obelisco no cemitério da família White?
Evidentemente, a Sra. White não o considerava um símbolo inerente da maçonaria
ou pagão, a despeito do fato – conhecido dela ou não – de que os maçons e os
adoradores do Sol o haviam usado dessa maneira. Os símbolos têm o significado
que as pessoas atribuem a eles. A própria cruz já foi um símbolo repugnante da
opressão e crueldade de Roma, mas hoje, os cristãos de todo o mundo a
consideram o símbolo da nossa redenção, por meio de Cristo.
Os
símbolos podem mudar de significado. Quando Tiago White começou a publicar a Advent Review and Sabbath Herald como um
jornal quinzenal (ele passou a ser semanal em setembro de 1853), cada edição
vinha com a data da publicação e o nome convencional do dia da semana no qual
era publicada, seja segunda-feira ou terça-feira. (O dia da publicação variava
naquele tempo.) No entanto, logo ele mudou. A revista publicada na “quinta-feira
[Thursday, em inglês], 12 de maio de 1853”, foi seguida, duas semanas depois,
por outra exibindo a data de publicação como “quinto dia [Fifth-day, em
inglês], 26 de maio de 1853”. Por várias décadas depois, o jornal designou o
dia de sua publicação como “quinto dia” e “terceiro dia [Fifth-day e Third-day,
em inglês], aparentemente por causa da preocupação com o fato de os dias da
semana terem recebido nomes pagãos. Por volta da edição de 1º de janeiro de
1880, entretanto, o jornal voltou a usar os nomes convencionais dos dias da
semana. Aparentemente, nossos pioneiros decidiram que o uso daqueles nomes não
comprometia sua fé.
As pessoas
que usam os nomes convencionais dos dias da semana não o fazem para expressar
devoção aos deuses pagãos. Os nomes simplesmente não simbolizam mais esses
deuses, a despeito de seu significado original. Da mesma maneira, embora
obeliscos possam ter comunicado algum significado oculto lá pelo século 19, esse
significado já não era levado em consideração por muitas pessoas, exceto os
próprios maçons. Claramente, a Sra. White não sustentava essas crenças. (Esta
resposta foi substancialmente modificada em relação àquela originalmente usada
no site, em resposta à pergunta
acima.)
(Extraído do livro 101 Perguntas Sobre Ellen White e Seus Escritos, de William Fagal, CPB)