Como você explica, sob uma perspectiva criacionista, a existência de exatamente 20-25 mil genes (codificadores de proteínas) em todos os seres vivos do planeta? O fato é que, embora os organismos vivos tenham genomas de tamanhos diferentes, todos eles apresentam sempre a mesma quantidade de genes codificadores de proteínas. Tanto eu quando um verme cilíndrico temos 20 mil genes, embora sejamos organismos completamente diferentes e evidentemente com complexidades diferentes. É claro que ainda não sabemos exatamente como o genoma é lido e interpretado e gera a diversidade e complexidade que podemos observar nos seres vivos, porém, o fato da existência da mesma quantidade de genes codificadores de proteínas, além de outros detalhes genéticos, é um forte argumento que apoia a teoria da evolução darwiniana, nos levando à conclusão de que todos os organismos vivos do planeta tiveram um ancestral comum. Não é isso? – J.
Prezado J., já existem trabalhos científicos questionando a tão famosa árvore genealógica de todos os seres vivos (mais recentemente, Craig Venter, da Celera Genomics, entrou nessa polêmica). Quanto ao número de genes, é interessante ressaltar que a maioria deles está ligada ao metabolismo celular. As enzimas responsáveis pela síntese de polímeros tais como proteínas, açúcares e ácidos nucléicos são as mesmas. Enfim, nós compartilhamos 99% dos nossos genes com o chimpanzé e 50% com as bananas, por causa disso. São justamente esses genes ligados ao metabolismo celular. Atualmente, sabemos que a principal diferença entre os genomas dos metazoários está nos chamados genes reguladores do desenvolvimento. Esses genes já estão presentes desde o Cambriano, quando “surgiram” todos os invertebrados ao mesmo tempo. Do ponto de vista criacionista, vejo que, ao nível genético, temos um plano muito mais sólido do qual o Criador Se utilizou para formar boa parte da biodiversidade. Essa é uma área bastante explorada pelos proponentes do Design Inteligente. Há muita complexidade especificada e irredutível nos genomas que aponta para a existência de planejamento. Seria bom que você desse uma lida nesse tipo de material.
segunda-feira, dezembro 12, 2011
segunda-feira, outubro 24, 2011
Qual a origem dos tipos sanguíneos?
Minha duvida é a seguinte: Como explicar os tipos sanguíneos existentes, se todos descendemos de Adão e Eva? Eva teria que ter o mesmo sangue de Adão, pois foi retirada da costela dele. Então como explicar os outros tipos de sangue? De onde eles surgiram? – T.
No ponto de vista darwinista, a principal causa evolucionária dos variados grupos sanguíneos parece ser as doenças. Por exemplo, a malária parece ser a principal força seletiva por trás do tipo O. Esse tipo sanguíneo é mais prevalente na África do que em outras partes do mundo, e se acredita que esse sangue carrega algum tipo de “vantagem evolutiva”. A vantagem parece surgir no sentido de que as células infectadas com malária não aderem bem aos tipos sanguíneos O ou B. Células sanguíneas infectadas com malária são mais propensas a ficar nas células com o açúcar A, formando aglomerados conhecidos como “rosetas”, que podem ser fatais quando se originam em órgãos vitais, como o cérebro. Por outro lado, as pessoas com sangue tipo O podem ser mais propensas a outras doenças. Por exemplo, essas pessoas são conhecidas por serem mais suscetíveis a serem atingidas pela bactéria Helicobacter pylori, que provoca úlceras. Entretanto, os cientistas ainda não sabem se algum tipo de doença em específico provocou os diferentes tipos de sangue dos humanos. (Informações do site Hypescience.)
O criacionista e doutor em Genética Wellington dos Santos Silva explica: o sistema ABO é formado por três loci gênicos: o locus ABO, localizado no cromossomo 9, o locus H (antígeno H) e Se (secretor), ambos localizados no cromossomo 19. Esses loci estão envolvidos na expressão de antígenos que, na verdade, são moléculas de açúcar presentes na superfície das hemácias. Tudo começa com o locus H que produz uma glicosiltransferase (enzima que transfere moléculas de açúcar para se ligar a uma molécula de lipídio presente na membrana da hemácia) para formar o antígeno H. Esse antígeno H é formado por quatro moléculas de açúcar. Depois temos o locus ABO que produzirá outras glicosiltransferases, dependendo do alelo presente (A, B ou O). Se for o alelo A, esse gene expressará uma enzima que irá transferir uma molécula de açúcar para o antígeno H e formar o antígeno A. Se for o alelo B, esse gene expressará uma enzima que irá transferir outra molécula de açúcar para o antígeno H e formar o antígeno B. Se for o alelo O, não ocorrerá produção de uma enzima funcional e teremos só o antígeno H. Esse é o alelo O.
Podemos ver que as diferenças entre esses antígenos ocorrem devido a uma pequena mudança que corresponde a umas poucas moléculas de açúcar. Sabe-se que esses antígenos têm grande importância nas transfusões de sangue, mas não se sabe exatamente qual a função deles.
Quanto à origem desse polimorfismo (variabilidade) no sistema ABO, podemos especular que pequenas mudanças nesses genes poderiam levar ao surgimento de outros alelos que, depois, seriam selecionados.
Do ponto de vista criacionista, não se conhece algum modelo que explique a origem desse polimorfismo, mas, segundo o Dr. Wellington, não haveria problema em considerarmos essa origem a partir de um casal, como se vê em outros sistemas genéticos. O binômio mutação-seleção poderia explicar bem isso.
No ponto de vista darwinista, a principal causa evolucionária dos variados grupos sanguíneos parece ser as doenças. Por exemplo, a malária parece ser a principal força seletiva por trás do tipo O. Esse tipo sanguíneo é mais prevalente na África do que em outras partes do mundo, e se acredita que esse sangue carrega algum tipo de “vantagem evolutiva”. A vantagem parece surgir no sentido de que as células infectadas com malária não aderem bem aos tipos sanguíneos O ou B. Células sanguíneas infectadas com malária são mais propensas a ficar nas células com o açúcar A, formando aglomerados conhecidos como “rosetas”, que podem ser fatais quando se originam em órgãos vitais, como o cérebro. Por outro lado, as pessoas com sangue tipo O podem ser mais propensas a outras doenças. Por exemplo, essas pessoas são conhecidas por serem mais suscetíveis a serem atingidas pela bactéria Helicobacter pylori, que provoca úlceras. Entretanto, os cientistas ainda não sabem se algum tipo de doença em específico provocou os diferentes tipos de sangue dos humanos. (Informações do site Hypescience.)
O criacionista e doutor em Genética Wellington dos Santos Silva explica: o sistema ABO é formado por três loci gênicos: o locus ABO, localizado no cromossomo 9, o locus H (antígeno H) e Se (secretor), ambos localizados no cromossomo 19. Esses loci estão envolvidos na expressão de antígenos que, na verdade, são moléculas de açúcar presentes na superfície das hemácias. Tudo começa com o locus H que produz uma glicosiltransferase (enzima que transfere moléculas de açúcar para se ligar a uma molécula de lipídio presente na membrana da hemácia) para formar o antígeno H. Esse antígeno H é formado por quatro moléculas de açúcar. Depois temos o locus ABO que produzirá outras glicosiltransferases, dependendo do alelo presente (A, B ou O). Se for o alelo A, esse gene expressará uma enzima que irá transferir uma molécula de açúcar para o antígeno H e formar o antígeno A. Se for o alelo B, esse gene expressará uma enzima que irá transferir outra molécula de açúcar para o antígeno H e formar o antígeno B. Se for o alelo O, não ocorrerá produção de uma enzima funcional e teremos só o antígeno H. Esse é o alelo O.
Podemos ver que as diferenças entre esses antígenos ocorrem devido a uma pequena mudança que corresponde a umas poucas moléculas de açúcar. Sabe-se que esses antígenos têm grande importância nas transfusões de sangue, mas não se sabe exatamente qual a função deles.
Quanto à origem desse polimorfismo (variabilidade) no sistema ABO, podemos especular que pequenas mudanças nesses genes poderiam levar ao surgimento de outros alelos que, depois, seriam selecionados.
Do ponto de vista criacionista, não se conhece algum modelo que explique a origem desse polimorfismo, mas, segundo o Dr. Wellington, não haveria problema em considerarmos essa origem a partir de um casal, como se vê em outros sistemas genéticos. O binômio mutação-seleção poderia explicar bem isso.
Havia pessoas suficientes para construir as pirâmides?
Uma vez que o Egito foi estabelecido pouco depois da Torre de Babel (Gênesis 11), e uma vez que os egípcios construíram algumas das mais espantosas estruturas que o ser humano já viu, como foi possível eles terem pessoas suficientes para levar a cabo tais empreendimentos? Não seriam necessários milhares de operários para construir obras de tal magnitude? Quando as pessoas pensam nas pirâmides egípcias, usualmente pensam na Grande Pirâmide de Gizé, que foi construída pelo rei Khufu, na 4ª Dinastia. No entanto, segundo a cronologia revista proposta pelo arqueólogo David Down (ver este link), a primeira pirâmide de pedra (pirâmide de degraus de Saqqara) foi provavelmente construída durante a 3ª Dinastia, entre 2100 e 2000 antes de Cristo.
Segundo a cronologia bíblica proposta pelo arcebispo James Ussher, o evento da Torre de Babel ocorreu cerca de 2250 antes de Cristo. Isso deixa um intervalo de cerca 150 a 250 anos entre a dispersão e o início das primeiras construções egípcias. Dado isso, quem foi que desceu ao Egito?
O fundador do Egito foi o neto de Noé, Mizraim (Gênesis 10:6). A título de informação, a palavra hebraica para “Egito” é Mitsrayim, que é traduzida para Mizraim, filho de Cão (Gênesis 10:6, 13). Em arábico, a palavra usada para “Egipto” é Misr.
Se assumirmos que Mizraim deixou Babel com sua família de oito crianças (quatro rapazes e quatro meninas), e se cada casal teve, em média, oito filhos a cada 30 anos (que é uma estimativa bastante conservadora), em 150 anos atingiriam cerca de 30 mil descendentes. Em 250 anos, a população explodiria para mais de um milhão de pessoas.
Génesis 11 indica que gerações mais antigas muitas vezes continuavam vivas durante muito tempo, chegando a viver mais de 200 anos. Imagine a população do seu país, hoje, se todas as pessoas que nasceram depois de 1808 ainda estivessem vivas?
Quantas pessoas seriam necessárias para construir uma pirâmide de degraus? Bem, com a tecnologia certa e os recursos adequados, seria necessário muito menos gente do que a maior parte das pessoas pensa. É preciso levar em conta alguns fatores:
1. Os egípcios quase certamente tinham conhecimentos de construção trazidos do tempo da Torre de Babel.
2. Eles certamente tinham tecnologia que lhes permitia poupar em mão-de-obra (guindastes, talhas, etc.)
3. Os egípcios poderiam contratar ajuda externa ou usar escravos (como evidenciado durante o tempo de José, filho de Jacob – Gênesis 37–40) ou ambos.
Conclusão: usando as Escrituras e outras evidências histórias e arqueológicas, podemos, portanto, ver que os egípcios não só teriam a população necessária para construir as pirâmides, como também a tecnologia para tal.
“Naquele dia, Israel será o terceiro, com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra. Porque o Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra das Minhas mãos, e Israel, Minha herança” (Isaías 19:24, 25).
(Darwinismo)
Segundo a cronologia bíblica proposta pelo arcebispo James Ussher, o evento da Torre de Babel ocorreu cerca de 2250 antes de Cristo. Isso deixa um intervalo de cerca 150 a 250 anos entre a dispersão e o início das primeiras construções egípcias. Dado isso, quem foi que desceu ao Egito?
O fundador do Egito foi o neto de Noé, Mizraim (Gênesis 10:6). A título de informação, a palavra hebraica para “Egito” é Mitsrayim, que é traduzida para Mizraim, filho de Cão (Gênesis 10:6, 13). Em arábico, a palavra usada para “Egipto” é Misr.
Se assumirmos que Mizraim deixou Babel com sua família de oito crianças (quatro rapazes e quatro meninas), e se cada casal teve, em média, oito filhos a cada 30 anos (que é uma estimativa bastante conservadora), em 150 anos atingiriam cerca de 30 mil descendentes. Em 250 anos, a população explodiria para mais de um milhão de pessoas.
Génesis 11 indica que gerações mais antigas muitas vezes continuavam vivas durante muito tempo, chegando a viver mais de 200 anos. Imagine a população do seu país, hoje, se todas as pessoas que nasceram depois de 1808 ainda estivessem vivas?
Quantas pessoas seriam necessárias para construir uma pirâmide de degraus? Bem, com a tecnologia certa e os recursos adequados, seria necessário muito menos gente do que a maior parte das pessoas pensa. É preciso levar em conta alguns fatores:
1. Os egípcios quase certamente tinham conhecimentos de construção trazidos do tempo da Torre de Babel.
2. Eles certamente tinham tecnologia que lhes permitia poupar em mão-de-obra (guindastes, talhas, etc.)
3. Os egípcios poderiam contratar ajuda externa ou usar escravos (como evidenciado durante o tempo de José, filho de Jacob – Gênesis 37–40) ou ambos.
Conclusão: usando as Escrituras e outras evidências histórias e arqueológicas, podemos, portanto, ver que os egípcios não só teriam a população necessária para construir as pirâmides, como também a tecnologia para tal.
“Naquele dia, Israel será o terceiro, com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra. Porque o Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra das Minhas mãos, e Israel, Minha herança” (Isaías 19:24, 25).
(Darwinismo)
sexta-feira, setembro 23, 2011
Pescadores ou pescados – parte 2
O que há de pior na internet (e como se livrar disso)
Segundo Mark Hurd, presidente da empresa de informática Hewlett Packard, a quantidade de informações publicadas na web já é maior do que tudo o que foi produzido pela humanidade até agora em matéria de conhecimento. Precisaríamos de mil anos para receber o que se produz em um mês no mundo. A título de comparação, uma edição como a do jornal The New York Times contém mais informações do que uma pessoa comum poderia incorporar durante toda a existência dela, no século 17, nos Estados Unidos.
Vivemos na era da informação. Mas e a capacidade de processamento dessa informação? Esse excesso de informação tem criado o estresse digital (sentir-se dominado pelas tecnologias) e a ansiedade de informação (não dar conta de se atualizar). Além disso, tem contribuído para a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA).
Uma característica básica da SPA é o cansaço físico. Por pensar excessivamente, os portadores dessa síndrome roubam energia do córtex cerebral. Essa energia deveria ser utilizada nos órgãos do corpo, como os músculos. Assim, sentem uma fadiga persistente.
No século 19, Ellen White já falava sobre energia mental e recomendava: “Muitos [...] têm sofrido por causa de excesso de trabalho mental sem o refrigério do exercício físico. O resultado é a debilitação de suas faculdades” (Evangelismo, p. 661). “Os [...] que se aplicam exclusivamente a trabalho mental [...] pelo confinamento prejudicam toda a estrutura viva. Cansa-se o cérebro, e Satanás insinua toda uma lista de tentações” (Mente, Caráter e Personalidade, v. 2, p. 507).
Mentes cansadas e fracas são fáceis de ser “pescadas”.
Pensamento rápido e utilitário
Nicholas Carr, em seu livro The Shallows: What the Internet is Doing to Our Brains, afirma que a facilidade para achar coisas novas na rede e se distrair com elas estaria nos tornando estúpidos. Diz ele: “A internet, sendo um sistema multimídia baseado em mensagens e interrupções, tem uma ética intelectual que valoriza certos tipos de pensamento utilitários, voltados para a solução de problemas, que encoraja as multitarefas e a rápida transmissão ou recepção de migalhas de informação. [...] A maneira de manter o modo mais contemplativo de pensamento é desconectar-se por um tempo substancial, reduzindo nossa dependência em relação às tecnologias de tela e exercendo nossa capacidade de prestar atenção profundamente em uma única coisa.”
Estudar a Bíblia e ler um bom livro, por exemplo.
Numa resenha do livro de Carr, publicada no jornal El País, o jornalista e escritor Mario Vargas Llosa escreveu: “Acostumados a picotar informações em seus computadores, sem ter necessidade de fazer prolongados esforços de concentração, [os alunos] têm perdido o hábito e a faculdade de [ler livros], e têm sido condicionados a contentar-se com esse borboleteio cognitivo a que os acostuma a internet, com suas infinitas conexões e saltos e complementos, de modo que estão ficando de certa forma vacinados contra o tipo de atenção, reflexão, paciência e prolongado abandono àquilo que se lê, e que é a única maneira de ler, desfrutando, a grande literatura.”
Pessoas incapazes de refletir e esgotadas são alvo fácil de Satanás. E ele está lá, na internet, “[andando] em derredor, rugindo como leão” (1 Pedro 5:8), oferecendo suas “distrações”.
Conselho divino: “Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus” (Salmo 46:10).
Principais perigos
Numa lista breve, os principais perigos da internet geralmente apontados são: (1) Contato com material impróprio (ex.: pornografia); (2) incitamento à violência e ao ódio; (3) violação da privacidade; (4) violação da lei; (5) encontros “online” com pessoas não recomendáveis; (6) perda de tempo precioso; e (7) pensamento utilitarista e superficial.
Na American Journal of Psychiatry de março de 2008, o Dr. Jerald J. Block comenta que a dependência da internet parece ser uma desordem mental que merece ser incluída na próxima edição da Classificação Internacional das Doenças usada nos EUA (DSM-V). O diagnóstico da desordem que engloba o uso compulsivo-impulsivo de computador consiste de três subtipos de vício: jogos excessivos, preocupações sexuais e mensagens tipo e-mail ou texto. E qualquer uma dessas modalidades de dependência tem em comum quatro componentes:
1. Uso excessivo, frequentemente associado com perda da noção do tempo ou negligência de necessidades básicas.
2. Abstinência, com sintomas de raiva, tensão e/ou depressão quando o computador está inacessível.
3. Tolerância, que inclui a necessidade de obter melhores computadores, melhores softwares ou mais horas de uso.
4. Repercussões negativas, incluindo argumentos, mentiras, isolamento social, pobres realizações e fadiga.
A dependência acomete, principalmente, os adolescentes, pois a maturação cerebral ocorre somente depois dos 21 anos. O córtex pré-frontal (localizado na região da testa) é a sede do pensamento, a sede do controle dos impulsos, e os jovens ainda não têm essa região plenamente amadurecida.
Os jovens precisam contar com a ajuda dos pais, é o que defendem Joe S. McIlhaney Jr. e Freda McKissic Bush, no ótimo livro ainda não traduzido Hooked: New Science on How Casual Sex is Affecting our Children. Eles dizem: “Fatores benéficos, tais como ambiente familiar e orientação de adultos, podem guiar um adolescente através desse tumultuado período de sua vida. [...] O cérebro dos adolescentes pode ser positivamente moldado pela orientação, estrutura e disciplina fornecidas por pais cuidadosos e outros adultos” (p. 19, 53).
Por isso, Alexandre Hohagen, presidente do Google para a América do Sul, disse: “Em casa, lugar de computador é na sala ou no corredor. Jamais em quartos isolados ou fechados.” Pais responsáveis devem cuidar dos filhos. E, para isso, devem se informar o quanto puderem sobre como cuidar deles. Um bom livro para isso é Como Proteger Seus Filhos na Internet, da editora Novo Conceito. Nele, o especialista na área de tecnologia e informação, Gregory S. Smith, dá boas dicas para os pais e mostra os perigos a que estão expostos os menores.
Smith compara: “Crianças e jovens com idades de 8 a 17 anos não estão sendo criados num ambiente semelhante ao do tempo da infância dos pais. As crianças de antigamente nem mesmo poderiam imaginar os tipos de pornografia pesada disponível ao alcance do clique de um mouse, nem mesmo prever o comportamento que os adolescentes de hoje em dia têm diante do computador” (p. 32).
O livro é bastante explícito e transcreve, inclusive, diálogos travados entre crianças e predadores sexuais online. Por isso mesmo deve ser lido apenas pelos pais.
Associação de conceitos
Responda rápido: O que as vacas bebem? Você respondeu “leite”? Talvez. E isso acontece porque, quando criança, aprendemos a associar vaca com leite, e os neurônios que codificam as duas palavras aprendem a se ativar ao mesmo tempo.
Segundo Dean Buonomano, doutor em neurociência pela Universidade do Texas, “o cérebro humano pode ser convencido inconscientemente. Ele pode associar conceitos caso seja exposto de forma contínua e prolongada a alguns estímulos. É o que fazem os publicitários com imagens, sons e aromas. Um bom exemplo disso é o tabaco. Poderosas campanhas de marketing no século passado levaram a associar o cigarro a um estilo de vida exclusivo. O resultado foram milhões de mortes, que poderiam ter sido evitadas. Essas associações, de certa forma, tornaram-se um problema social grave.”
Agora leia esta palavra: sexo. Que conceitos e imagens lhe vêm à mente?
O mal da pornografia
A indústria pornográfica é maior do que a Microsoft, Google, Amazon, eBay, Yahoo!, Apple, Netflix e EarthLink juntas. Cerca de 50% dos cristãos e 40% de seus pastores admitem ter problemas com a pornografia. Dois terços dos advogados presentes na reunião de 2003 da Academia Americana de Advogados Matrimoniais disseram que a pornografia virtual estava envolvida na metade dos casos que representaram. Dá para perceber o tamanho do problema?
Regis Nicoll, escritor e membro de um ministério para homens da Igreja Adventista, escreveu: “No local de trabalho, o vício em pornografia resulta na perda da produtividade e na negligência de cumprir os deveres, que podem ter efeitos danosos, talvez até desastrosos. Em casa, resulta paradoxal e tragicamente em desordens íntimas.”
Desordens íntimas? Sim. O blog Mulher 7 x 7, do site da revista Época, divulgou a pesquisa feita pela Universidade de Pádua, na Itália, segundo a qual 70% dos homens jovens que procuravam neurologistas por ter desempenho sexual ruim admitiam o consumo frequente de pornografia na internet. “A perda da libido acontece porque os consumidores de pornografia estão ‘abafando’ a resposta natural do cérebro ao prazer. Anos substituindo os limites naturais da libido por intensa estimulação acabariam prejudicando a resposta ao neurotransmissor dopamina. A dopamina está por trás do desejo, da motivação – e dos vícios. Ela rege nossa busca por recompensas. Uma vez que o prazer está fortemente ligado à pornografia, o sexo real parece não oferecer recompensa.”
Segundo Kimberly-Sayer Giles, “os homens são muito visuais, e ver pornografia produz uma droga [dopamina] que leva à euforia no corpo. Essa droga é a razão pela qual a pornografia se torna viciante. Quando a elevação natural desaparece, o homem se sente deprimido (como acontece com qualquer droga) e tem vontade de passar pelo processo novamente. As mulheres são mais estimuladas por livros de romance do que por sexo. Então, quando elas leem histórias românticas (e nem precisam ter romance tão explícito assim), elas podem experimentar a liberação da mesma substância química viciante”.
William M. Struthers, psicólogo com formação em neurociência e autor do livro Wired for Intimacy: How Pornography Hijacks the Male Brain, afirma que experiências com pornografia e hormônios de prazer criam novos padrões na programação do cérebro, e experiências repetidas formalizam a programação. Não é coincidência o fato de que as demandas de drogas para o desempenho masculino e os aumentos do corpo feminino sigam juntos à explosão da pornografia na internet. Eles perdem interesse pelo normal e elas querem se igualar ao anormal.
Joe S. McIlhaney Jr. e Freda McKissic Bush dizem ainda que “sexo é um dos mais fortes geradores de recompensa pela dopamina. Por essa razão, os jovens são particularmente vulneráveis a cair no ciclo da recompensa dopamínica por comportamento sexual imprudente – eles podem ficar viciados nisso. Mas o efeito benéfico da dopamina para os casais casados está na dependência [vício] deles no sexo um com o outro” (Hooked, p. 35).
A ex-atriz pornô Jennifer Case deixou a indústria do sexo há alguns anos e diz que compreende que só com a ajuda de Deus os homens conseguem sair do vício, assim como foi com a ajuda de Deus que ela deixou essa indústria. “Se você está vendo pornografia ou está viciado em pornografia, você está tentando encher um vazio dentro de você que só Deus pode preencher. Toda vez que você olha pornografia, você está aumentando o vazio, e você destruirá sua vida”, ela adverte.
Case diz ainda que a pornografia é “maligna” e “é uma droga, veneno e mentira”. “Se você pensa que poderá guardá-la no escuro, Deus a tirará para fora, para a luz, para deter você e curar você.”
Segundo C. S. Lewis, existe “um desejo cada vez mais crescente por um prazer cada vez menor”.
Preocupação divina
Nos tempos dela, Ellen White já manifestava sua preocupação com o assunto: “Nos trens, fotografias de mulheres nuas são frequentemente oferecidas à venda. Esses quadros repugnantes são encontrados também em estúdios fotográficos, e são dependurados nas paredes dos que trabalham com gravuras em relevo. É esta uma época em que a corrupção prolifera por toda parte. A concupiscência dos olhos e as paixões corruptas são despertadas pela contemplação e a leitura. [...] A mente tem prazer [dopamina] em contemplar cenas que despertam as paixões baixas, vis. Essas imagens depravadas, vistas por olhos de uma imaginação viciada, corrompem a moral e predispõem os iludidos e obcecados seres humanos a darem rédea solta às paixões libidinosas. Seguem-se então pecados e crimes que arrastam para baixo seres formados à imagem de Deus, nivelando-os aos irracionais, afundando-os afinal na perdição. Evitai ler e ver coisas que sugiram pensamentos impuros. Cultivai as faculdades morais e intelectuais” (Mente, Caráter e Personalidade, v. 1, p. 229).
E ela adverte: “Aqueles que não querem ser presa dos ardis de Satanás devem bem guardar as entradas da alma; devem evitar ler, ver, ou ouvir aquilo que sugira pensamentos impuros. A mente não deve ser deixada a divagar ao acaso em todo o assunto que o adversário das almas possa sugerir” (Mensagens aos Jovens, p. 285).
O “tratamento” recomendado para os viciados em pornografia é o mesmo para pessoas viciadas em álcool, cafeína ou outras drogas: abstinência, substituição e vigilância.
De Deus vem a promessa: “Submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês” (Tiago 4:7). “A leitura limpa e sã [substituição] será para o espírito o que é para o corpo o alimento saudável. Haveis de tornar-vos assim mais fortes para resistir à tentação, formar bons hábitos, e proceder segundo os retos princípios” (Ellen G. White, Mente, Caráter e Personalidade, v. 1, p. 107).
Em tempos de reavivamento e reforma, fica a recomendação inspirada: A “primeira obra dos que desejam reformar-se é purificar a imaginação” (Ellen G. White, Mente Caráter e Personalidade, p. 595).
Note: Deus criou a dieta original saudável; o diabo inventou o fast-food. Deus criou a água e as frutas; o diabo, a bebida alcoólica. Deus criou o sexo para o casamento entre um homem e uma mulher; o diabo promove a infidelidade, o adultério mental (Mateus 5:28), o “sexo sem compromisso” e a pornografia. Com todas essas deturpações, o inimigo de Deus causa dor nos seres humanos e, consequentemente, no Criador.
“Nunca derrube uma cerca até você saber por que ela foi colocada”, disse Robert Forst. Se Deus colocou limites à sexualidade humana, é porque tinha e tem uma boa razão para isso.
Histórias tristes
Além dos testemunhos bonitos que tenho recebido por e-mail ao longo dos anos, há também as histórias tristes de pessoas boas sofrendo sob o peso dos vícios. São histórias que mostram que realmente todo cuidado é pouco, quando se trata do policiamento na internet. Por razões óbvias, o nome delas foi omitido:
“Sempre tive um sonho: de me tornar um ministro. Com poucos meses após a maioridade, me tornei ancião da minha igreja e colportor. [...] Com o passar do tempo, deixei de olhar para Cristo. [...] Achei uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil e acabei me envolvendo com pornografia. Mas ninguém sabe disso. Ninguém me conhecia e conhece. E cheguei ao estagio de eu mesmo não me conhecer. E isso me entristece, por mim e por elas. Nunca foi meu desejo envergonhar o evangelho ou trazer descrença às pessoas. Na verdade, desde muito novo (12 anos mais ou menos) fui atraído por pornografia; é minha maior fraqueza. [...] Eu quero do fundo do meu coração mudar para não me perder e não estragar futuramente meu casamento. [...] Preciso de sua ajuda.”
“Seu texto me ajudou a admitir que sou viciado [em pornografia] e que preciso de ajuda. Por favor, ore por mim e pela minha infeliz esposa. Seu ministério tem salvado vidas e até mesmo conseguido alcançar um endurecido pastor. Por favor, ore por mim. Não aguento mais essa situação.”
“Peço que você ore por mim. Sou viciado em pornografia. Comecei aos 13 anos vendo um vídeo por semana, e hoje, com 34 anos, vejo pornografia na internet. Sou casado e imagino cenas na hora do sexo, na oração – em plena oração aparecem imagens. É horrível! Estou há apenas dois dias sem ver pornografia. [...] Minha esposa conheceu seu blog através de mim. Com tristeza, devido ao vício, mas com a alegria de saber que Jesus nos transforma, deixo meu abraço.”
“Sou jovem e evangélico há sete anos. Realmente creio em Cristo com toda a minha vida. Tenho desejo de ser um pastor, estudo muito a Bíblia, também procuro sempre ter uma vida de oração intensa, porém, há mais ou menos um ano tenho tido problemas que eu não tinha antes, com masturbação e às vezes com pornografia. Acredite em mim: não sou uma pessoa má, repudio essas coisas, tenho nojo disso, detesto, enfim, nunca gostaria de ter visto essas coisas. Tenho travado batalhas enormes, feito muitos jejuns, ficado semanas sem cair, mas sempre, de repente, algo súbito acontece e novamente caio. Não sei mais o que fazer. Não sou um novo convertido, não sou depravado, mas não sei o que acontece comigo. [...] Estou escrevendo a você porque eu nunca conseguiria tratar disso com alguém pessoalmente. [...] Não consigo me abrir nesse aspecto; acho vergonhoso.”
Não sei quanto a você, mas me dá vontade de chorar quando leio essas histórias tristes de pessoas amadas por Deus, mas escravizadas nas redes do inimigo. No entanto, creio sinceramente que existe libertação em Cristo, afinal, “sejam quais forem nossas tendências herdadas ou cultivadas para o erro, podemos vencer, mediante o poder que Ele nos está disposto a comunicar” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 176). É por isso que oro quase todos os dias por essas pessoas – e por mim mesmo. Convido-o a fazer a mesma coisa.
Conselhos divinos
Quero concluir este artigo com alguns conselhos provenientes da Inspiração:
“Não podemos avançar na experiência cristã enquanto não afastarmos de nosso caminho tudo quanto nos separe de Deus” (Ellen G. White, Mensagens aos Jovens, p. 377). Decida agora e não espere para depois: jogue fora todo e qualquer conteúdo (filmes, livros, revistas, músicas) que o estejam afastando de Deus e de uma espiritualidade plena. Se o problema é o computador, tome decisões sérias baseadas nos conselhos expostos neste artigo.
“Cumpre-nos, no que de nós depender, cerrar toda entrada pela qual [Satanás] possa encontrar acesso à alma” (Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, p. 118). Você precisa exercer seu poder de escolha no sentido de proteger as “janelas da alma” – olhos, ouvidos, pele (tato) e boca.
Davi nos dá um conselho semelhante: “Não porei coisa má diante dos meus olhos” (Salmo 101:3). Mas, e se a tentação surgir de repente, sem que eu tenha me exposto a ela. Aí vem o segundo conselho (na verdade, uma petição) de Davi: “Desvia meus olhos, Senhor, de contemplarem coisas sem valor, e vivifica-me em Teu caminho” (Salmo 119:37). Olhe para outra coisa. E se for uma imagem mental, “mude de canal”. Pense conscientemente em outra coisa. Domine seus pensamentos com a ajuda de Deus.
“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2). Se vivermos apenas conectados nas coisas do “mundo”, nossa mente será formatada (formato) ou conformada (colocada numa forma) sob padrões que nos afastam da espiritualidade. Finalmente, acabaremos perdendo a capacidade de experimentar, discernir a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Então, a sequidão espiritual e, finalmente, a morte da alma será a triste consequência.
Antes do ponto final, vamos ler de novo (que tal memorizar?) o conselho de Paulo registrado em Filipenses 4:8? “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”
Ponto final.
Michelson Borges é jornalista formado pela UFSC e mestre em teologia pelo Unasp
Leia também: "Pescadores ou pescados – parte 1"
Clique aqui para fazer o download do PowerPoint baseado neste texto.
Pescadores ou pescados – parte 1
O que há de melhor na internet (e como usar isso)
Há quase dois mil anos, o apóstolo Paulo escreveu: “Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher” (Gálatas 4:4, 5). De acordo com os estudiosos, a interpretação adequada de “plenitude dos tempos” é: “tempo certo”, “momento ideal”, “ocasião propícia” designada por Deus. Mas por que Paulo considerava aquele o tempo certo para a vinda do Messias? Por, pelo menos, seis motivos: (1) domínio mundial do Império Romano; (2) povos unificados (hoje chamamos isso de “globalização”); (3) predomínio da cultura greco-romana e de uma língua universal, o grego koiné; (4) paz universal (pax romana) que conferia relativa estabilidade ao Império; (5) importância das cidades (aglomerados e rotas populacionais), que favoreciam o contato com pessoas e ideias; e (6) intercâmbio entre os vários povos (estradas boas e seguras).
Júlio Fontana, em seu artigo “Plenitude dos Tempos, um estudo contextualizado de Gálatas 4:4”, publicado no site Ciberteologia, analisa: “A ausência de guerras contribuiu para o cristianismo, contudo as guerras também influenciaram na prosperidade da nova religião. As conquistas romanas levaram muitos povos à falta de fé em seus deuses, uma vez que eles não foram capazes de protegê-los dos romanos. Os romanos não possuíam uma crença especial e somente adoravam o imperador, ficando os povos conquistados carentes espiritualmente, sendo deixados num vácuo espiritual que não era satisfeito pelas religiões de então.”
“Globalização”, acesso à informação, falta de fé, vazio espiritual. Parece com algum tempo que você conhece?
Nova plenitude dos tempos
A invenção dos modernos meios de comunicação, com destaque para a internet, o desenvolvimento das tecnologias relacionadas à web, bem como a facilidade de disseminação de conteúdos, apontam para uma nova “plenitude dos tempos”. Veja só o que foi criado em anos recentes (adaptado do retrospecto feito por Gregory S. Smith, no livro Como Proteger Seus Filhos na Internet):
Em 7 de fevereiro de 1958, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos criou a ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançados), como reação ao lançamento pela União Soviética do primeiro satélite artificial, o Sputnik.
No fim de 1969, quatro computadores de universidades foram interligados em rede pela ARPANET.
Em 1972, Ray Tomlinson escreveu e enviou a primeira mensagem eletrônica, o e-mail (já com o sinal @). Vinte e cinco anos depois, Steve Dorner cria o primeiro programa de e-mail disponibilizado para o público geral. Chamava-se Eudora.
Em 1974, o primeiro microprocessador foi inventado e logo depois surgiria o primeiro computador pessoal da Apple, o Apple II, disponibilizado ao público somente em 1977.
Em 1981, a IBM lançou seu computador pessoal (PC) que caiu nas graças das empresas.
Em novembro de 1985, a Microsoft lançou o sistema operacional Windows 1.0. Nova revolução.
Em 1991, a www foi lançada pelo Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN). Tim Berners-Lee criou a linguagem de formatação de texto (hipertexto), ou HTML, para exibir conteúdos de sites da rede via navegador em operação num computador.
Em 1993, foi lançado o primeiro aplicativo de navegação, o Mosaic. Em seguida, surgiu o Netscape Navigator, que se tornou um sucesso.
Em 1995, a Microsoft entrou na concorrência e lançou o sistema operacional Windows 95, com um aplicativo de navegação acoplado, o Internet Explorer.
Em 1995, a Digital Equipment Corporation apresentou o site de busca Altavista. Hoje o site de busca mais conhecido e usado é o Google.
Em 1998, a Research in Motion lançou o celular Blackberry, com editor de textos e acesso à internet e e-mail (palmtop ou computador de mão).
Nos anos 2000, são popularizados os sites de relacionamento, como o MySpace e, mais recentemente, o Facebook.
Em meados de 2008, o Twitter se torna conhecido do público com o conceito de microblog.
As estradas virtuais ou infovias estão “pavimentadas” e chegam a quase cada canto do planeta.
Aldeia global virtual
Os números contam a história do crescimento da aldeia global criada pela internet. Em 1995, o número de usuários da rede chegava a 45 milhões. Até 2000, esse número já havia alcançado os 420 milhões. Em 2005, a quantidade de usuários da rede ultrapassava a marca de um bilhão. Até o fim de 2011, estima-se que o total de usuários ultrapasse a marca dos dois bilhões. Quase 90% dos jovens com idade entre 12 e 17 anos usam a internet. Haverá cerca de três bilhões de usuários de internet em 2015, que é mais do que 40% da população mundial projetada.
Para se ter uma ideia do tráfego de informações no mundo virtual, deve-se levar em conta que, a cada minuto o Google recebe quase 700 mil consultas; 6.600 imagens são enviadas para o Flickr; 600 vídeos são enviados para o YouTube, totalizando mais de 25 horas de conteúdo; 695 mil atualizações de status, 79.364 postagens no mural e 510 mil comentários são publicados no Facebook; 70 novos domínios são registrados; 168 milhões de e-mails são enviados; 320 novas contas são criadas e cerca de 100 mil tweets são enviados pelo Twitter; aplicativos de iPhone são baixados mais de 13 mil vezes; e 100 contas são criadas na rede de profissionais LinkedIn.
Levando em conta todo esse potencial informativo e evangelístico, resolvi fazer, tempos atrás, uma pesquisa no Twitter. Perguntei aos seguidores do @criacionismo quais eles consideravam os pontos positivos e negativos da internet. Entre as muitas respostas, três me chamaram a atenção: (1) “Ponto positivo da net: facilidade de acesso ao que se procura. Ponto negativo da net: facilidade de acesso ao que se procura”; (2) “Positivo e negativo ao mesmo tempo: a liberdade” e (3) “A internet é uma fonte de informação importantíssima. Não vivo mais sem ela. Só tenho que me policiar.”
Facilidade, liberdade e policiamento foi o que os internautas destacaram.
Isso, de certa forma, me fez lembrar do hobby do meu sogro. Ele é professor aposentado e mora numa comunidade à beira-mar, no município catarinense de Palhoça. Sempre que pode, ele pega a tarrafa (rede de pesca) e a canoa e gasta algumas horas pescando. Existe toda uma técnica para se conseguir fazer a tarrafa abrir no ar, num círculo perfeito, e cair sobre a água adequadamente, a fim de surpreender os peixes que estejam passando por baixo da rede. Nesse caso, o fato de o pescador ter a rede nas mãos e dominar as técnicas de pesca faz com que ele esteja no controle. Os peixes, aparentemente livres nas águas, por não exercerem “policiamento” suficiente e serem praticamente incapazes de enxergar o fio de nylon transparente da rede, acabam sendo apanhados e controlados por ela.
Pense bem: Você é peixe ou pescador? Controla ou é controlado? Como lida com a facilidade de obter conteúdos e com a liberdade oferecidas pela internet? Lembre-se de que, uma vez controlado pela rede (pescado) e içado à superfície, o peixe acaba morrendo por asfixia. Pior é que tem muita gente morrendo asfixiada por não saber se policiar nas águas virtuais...
Manual de segurança
Para uma navegação virtual segura são necessários alguns procedimentos e cuidados. Por exemplo:
1. Mantenha o computador em uma sala de uso comum da casa. Isso evitará que você se sinta “sozinho” e, portanto, livre para acessar certos sites. Isso é policiamento e autoproteção.
2. Fiscalize seu próprio tempo de utilização do equipamento. Estabeleça limites.
3. Evite navegar durante o sábado (cf. Isaías 58:13, 14). Não deixe que a internet atrapalhe as horas de comunhão com Deus e as atividades na igreja. “O sábado não deve ser empregado em [...] ocupações mundanas. Antes do pôr do sol, ponde de parte todo trabalho secular, e fazei desaparecer os jornais profanos” (Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 3, p. 20-22). Jornais (conteúdos) profanos há aos montes na web.
4. Não forneça sua senha para outras pessoas, conhecidas ou não.
5. Jamais revele informações pessoais como onde você mora, o número de seu telefone e onde é sua escola ou trabalho.
6. Não envie fotografias suas ou de sua família para desconhecidos. Nas redes sociais, mantenha seus álbuns fechados para estranhos.
7. Se for navegar em chats, escolha aqueles que sejam confiáveis.
8. Não prossiga em diálogos que o façam sentir-se desconfortável ou que se tornem muito pessoais.
9. Não marque encontros com alguém que você conheceu pela internet, a menos que tome todos os cuidados para que esse encontro seja seguro.
10. Tenha consciência de que o ser humano domina a máquina e não o contrário.
Desafio urgente
De que maneiras podemos usar a rede em nosso benefício e para o bem do semelhante? Segundo o Global Entertaiment and Media Outlook, a internet será a mídia que mais crescerá, com uma média anual de 13% de avanço. O diretor da Consultoria Gartner, Brian Blau, diz que “a nova geração de consumidores é incansável e tem uma janela curta de atenção, e é preciso muita criatividade para criar impacto significativo”. O desafio é urgente, mas a recomendação não é de hoje: “O Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a sobre tábuas [tablet], para que a possa ler até quem passa correndo” (Habacuque 2:2). Na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, fica assim: “E o Senhor Deus disse: ‘Escreva em tábuas [jornal, folhetos, livros, sites, blogs] a visão que você vai ter, escreva com clareza o que vou lhe mostrar, para que possa ser lido com facilidade’” (Habacuque 2:2, NTLH).
Deus chama atenção para a clareza e facilidade de compreensão. Arthur Schopenhauer, no ótimo livro A Arte de Escrever, pontua: “Não há nada mais fácil do que escrever de tal maneira que ninguém entenda; em compensação, nada mais difícil do que expressar pensamentos significativos de modo que todos os compreendam. [...] o sinal de uma cabeça eminente é resumir muitos pensamentos em poucas palavras” (p. 83, 843).
“Concisão não significa lacônico, mas denso. Opõe-se a vago, impreciso, verborrágico. No estilo denso, cada palavra, cada frase, cada parágrafo devem estar impregnados de sentido” (Dad Squarisi e Arlete Salvador, A Arte de Escrever Bem, p. 39).
Nosso objetivo é atrair “a atenção das pessoas para as verdades vivas da [Palavra de Deus]”, diz Ellen White no livro O Outro Poder, p. 9. E mais: “Nossos periódicos [sites idem] devem sair repletos de verdade que apresente interesse vital e espiritual para o povo. [...] Compete a nossas publicações [página escrita] a mais sagrada obra de tornar clara, compreensível e simples a base espiritual da nossa fé” (O Outro Poder, p. 9; grifos meus).
Clareza, compreensibilidade e simplicidade deveriam ser qualidades do conteúdo de todos os que escrevem para o público. O alvo? Ei-lo: “A escrita [lembre-se de que os meios não impressos também dependem de textos] deve ser usada como meio de semear a semente para a vida eterna” (O Outro Poder, p. 13).
Meios rápidos e novas tecnologias
Há mais de um século, Ellen White escreveu: “Deus dotou os homens de talentos e capacidade inventiva, a fim de que seja efetuada a Sua grande obra em nosso mundo. As invenções da mente humana parecem proceder da humanidade, mas Deus está atrás de tudo isso. Ele fez com que fossem inventados os rápidos meios de comunicação para o grande dia de Sua preparação [plenitude dos tempos]” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 409).
“Deus deseja que sigamos métodos novos, ainda não experimentados”, e “todos quantos estejam relacionados com a obra devem manter ideias novas”, pois “serão descobertos meios que possam alcançar os corações. Alguns dos métodos usados nesta obra serão diferentes dos que foram postos em prática no passado; mas ninguém, por causa disto, feche o caminho pela crítica” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 125, 178, 129, 130).
Será que vale a pena?
Mais do que os sites, os blogs representaram a quebra do monopólio da transmissão de informações que caracterizou as mídias anteriores ao advento da internet. Com a utilização da web pelas “pessoas comuns”, conceitos como interatividade e comunicação de mão dupla despontaram com força. O internauta, além de consumir informação, pode também gerar e partilhar conteúdos. O comunicador cristão não pode perder essa oportunidade.
Em 2005, resolvi criar um blog para disseminar, de maneira clara e acessível, conteúdos relacionados com ciência e religião. Depois registrei o domínio www.criacionismo.com.br e passei a usar também o Twitter para chamar atenção para os conteúdos do blog. Valeu a pena? Creio que os muitos contatos que fiz ao longo desses anos com pessoas de diversas denominações religiosas e mesmo ateus e agnósticos são uma evidência de que todo esforço, nesse sentido, é compensador.
Algumas histórias que marcaram esse evangelismo diferenciado e segmentado via internet:
“Apesar de não termos pontos de vista muito uniformes (sou evangélico da Assembleia de Deus), gosto muito de teus textos e comentários. Estudo Física na UFRGS [...] mas não tinha muitos argumentos consistentes para propor numa discussão sobre evolucionismo e criacionismo. Aprendi muito no seu blog.” Jean Gamboa
“Faz um ano que escrevi para você e é com muita alegria que lhe escrevo, hoje, para falar que fui batizada no dia 10/10/2010. Fui muito bem acolhida pela igreja local; encontrei uma família de Deus aqui na Terra [IASD Jd. dos Ipês, São Paulo]. Agradeço imensamente as orações [...] que me ajudaram muito a ter força e coragem para me posicionar ao lado do grande exército do Senhor.” Jane
“Sou biólogo e tenho mestrado em Biotecnologia pela UFSC. [...] Tornei-me adventista no ano passado. [...] As universidades hoje, pelo menos na área biológica, são meras replicadoras do modismo científico. [...] Que você possa continuar fazendo esse trabalho de divulgação do criacionismo e que as pessoas enxerguem que a ciência não é o que está escrito na Veja ou na Superinteressante, e, sim, tudo o que foi criado pelo Pai.” Tiago Moreti, Laboratório de Polimorfismos Genéticos da UFSC
“Nasci em lar adventista, mas há uns quatro ou seis anos, vários acontecimentos ruins na minha vida começaram a levantar dúvidas sobre a igreja e comecei a me tornar cético e descrente. De certa forma, seu blog mudou minha visão novamente. [...] Gosto das matérias relacionadas à política internacional. Sou acadêmico de relações internacionais e isso tem tudo a ver com a minha área.” D.
“Há mais ou menos um ano e meio, eu estava fazendo estudos sobre o Apocalipse na igreja neopentecostal que eu frequentava. [...] Uma das grandes dúvidas era se o livro de Gênesis seria literal ou não. [...] Pesquisando na internet sobre temas bíblicos, principalmente no site YouTube, deparei-me com alguns vídeos de criacionismo [e], através do seu blog, Jesus me mostrou a verdade de Sua Palavra. [...] Em maio de 2010, resolvi visitar pela primeira vez a Igreja Adventista Central de São Bernardo do Campo, já guardando o verdadeiro dia de adoração do verdadeiro Criador, o santo sábado. [...] Fui batizado no dia 9 de outubro de 2010.” Daniel de Oliveira
“Congrego numa Igreja Batista. Ainda assim, durante minha caminhada cristã [...] fui fortemente atacada por dúvidas sobre a confiabilidade bíblica. [...] Ter cursado Ciências (licenciatura) contribuiu para isso. Sou professora em escolas públicas do Rio de Janeiro. [...] Deus tem me socorrido e seu blog tem sido um dos valiosos instrumentos do Senhor.” Michelle Albis
“Sou estudante de Veterinária e adventista desde o nascimento. [...] Comecei minha nova vida de universitário achando que tinha minhas convicções totalmente sólidas [...], mas outros ‘mundos’, outras visões se chocaram com a minha. Conheci um colega de curso que é ateu e passei a conversar muito com ele. [...] Foi nesse momento da minha vida que entendi que seu blog seria uma boa ferramenta para aprimorar meus conhecimentos sobre Deus e a ciência.” Paulo Rógeris
“Já fui católico, mas hoje apenas acredito em Deus e em Jesus Cristo, e não frequento nenhuma igreja. [...] Não conheço o adventismo, mas sinto minha fé fortalecida ao ler suas palavras. [...] Gostaria de conhecer melhor alguns pontos do adventismo, principalmente o criacionismo. [...] A doutrina e os costumes alimentares que vocês possuem também me são interessantes.” Fábio
“Sou evangélico e faço parte da Igreja Congregacional. Também vejo o seu blog diariamente. [...] Tudo o que leio sobre o adventismo é depreciativo e reducionista. [...] Gostaria de pedir que o senhor me indicasse um ou alguns livros que tratassem das principais doutrinas do adventismo. [...] Quero ver a argumentação bíblica, histórica, exegética e tudo isso. Aí, sim, verei se discordo ou não. [...] Pelo que vejo no seu blog, tenho certeza de que temos muito em comum.” Diogo Vilela
“Tenho 25 anos e hoje me veio um sentimento muito bom, lendo as histórias em seu blog. [...] Em 2003, eu estava perdida no homossexualismo; já conhecia a mensagem adventista, mas vivia nesse mundo frio, sendo enganada pelo inimigo. Mantive contato com você e você me escreveu, tirando dúvidas e me aconselhando. Em 2004, fiz um plano com Deus, para que Ele pudesse me livrar do pecado, e tive vitórias até hoje. Em 2006, casei-me com um homem de Deus, uma pessoa extraordinária, que me entende. [...] Hoje nós trabalhamos na igreja.”
Escolher o que tem sentido
No papel de disseminadores de conteúdos, devemos fazê-lo com responsabilidade, respeito e consideração pelos receptores da nossa mensagem. No papel de receptores, devemos manter o foco e buscar sempre aquilo que é útil, edifica e faz sentido, conforme orienta o psicanalista Viktor Frankl: “Vivemos numa sociedade de superabundância; essa superabundância não é somente de bens materiais, mas também de informações, uma explosão de informações. Cada vez mais livros e revistas se empilham sobre as nossas escrivaninhas. Vivemos numa enxurrada de estímulos sensoriais, não somente sexuais. Se o ser humano quiser subsistir ante essa enxurrada de estímulos trazida pelos meios de comunicação de massa, ele precisa saber o que é e o que não é importante, o que é e o que não é essencial, em uma palavra: o que tem sentido e o que não tem” (A Presença Ignorada de Deus, p. 70).
Talvez venha de Filipenses 4:8 o melhor conselho bíblico quanto ao tipo de conteúdo que deve ser colocado na mente: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”
Michelson Borges é jornalista formado pela UFSC e mestre em teologia pelo Unasp
Leia também: "Pescadores ou pescados – parte 2"
Clique aqui para fazer o download do PowerPoint baseado neste texto.
quinta-feira, setembro 08, 2011
Dez anos depois do 11 de Setembro
O que mudou no mundo após o maior atentado terrorista da História
Terça-feira, 11 de setembro de 2001. Era uma manhã comum de trabalho na redação da Casa Publicadora Brasileira. A rotina seguia seu curso: textos para revisar, matérias para escrever, decisões editoriais. Até que alguém gritou da sala de reuniões: “Venham ver isso aqui!” Quando entrei na sala, o relógio marcava nove horas e a TV estava ligada. A imagem que vi parecia a de um desses filmes apocalípticos hollywoodianos, mas o logotipo da emissora norte-americana CNN deixava claro que não se tratava de ficção. Uma das torres gêmeas do World Trade Center em Nova York estava pegando fogo! Assentei-me numa das cadeiras e fiquei sabendo, instantes depois, que um avião da American Airlines (voo 11) havia atingido o arranha-céu fazia poucos minutos. Nem os repórteres (muito menos nós que estávamos ali naquela sala a mais de oito mil quilômetros de distância) sabiam exatamente o que estava acontecendo. Teria sido um terrível acidente? Às 9h03, com os olhos ainda grudados na tela da TV, tivemos certeza de que aquilo não se tratava de acidente: outro avião, agora da United Airlines (voo 175), acabava de atingir a torre sul. Em duas horas, tudo o que sobrou dos dois edifícios foi uma montanha de entulhos e muita poeira. Meus colegas e eu emudecemos. As imagens eram dramáticas e as informações, escassas. Pairava no ar a sensação de que aquele dia mudaria os rumos da história em nosso planeta. E mudou.
Conforme ficamos sabendo depois, os atentados de 11 de setembro de 2001 foram, na verdade, uma série de ataques suicidas coordenados pela organização terrorista Al Qaeda. Na manhã daquela terça-feira, 19 terroristas sequestraram quatro aviões comerciais. Além dos dois que foram lançados contra as torres gêmeas, um atingiu o Pentágono, nos arredores de Washington, e o quarto deveria atingir a Casa Branca ou o Capitólio, não tivessem os passageiros se insurgido e tentado retomar o controle da aeronave, que acabou caindo num campo próximo de Shanksville, na Pensilvânia. O total de mortos nos ataques foi de quase três mil pessoas, incluindo os 19 sequestradores.
A resposta dos Estados Unidos não demorou muito e ficou conhecida como Guerra ao Terror. O país invadiu o Afeganistão para derrubar o Talibã, que abrigou os terroristas da Al Qaeda, e declarou guerra ao Iraque de Saddam Hussein, com a acusação falsa de que ali havia armas de destruição em massa. Essa ação militar imprópria (para dizer o mínimo) diluiu muito da simpatia mundial com a tragédia americana. Além disso, milhares de vidas e bilhões de dólares foram perdidos na empreitada – mesmo assim, o mundo aceitou tudo. O foco da nação mais poderosa do planeta se tornou a guerra contra o terrorismo e houve descuido em outras áreas, como a econômica. Resultado: o mundo entrou numa época de turbulência econômica sem precedentes e que já dura uma década.
Turbulência econômica
Para o analista de sistemas Marco Dourado, de Curitiba, o crescimento da economia desde o pós-guerra incentivou o consumismo e, a partir dos anos 1980, emergiu uma geração de jovens moralmente insensíveis, agressivos e ávidos, obcecados por fazer fortuna a qualquer preço, preferencialmente antes de atingir os 30 anos de idade – os yuppies. A compulsão pelo ganho fabuloso e imediato encontrou sua melhor expressão no mercado de ações das empresas de novas tecnologias, as chamadas pontocom. “A farra durou até o fim do milênio, quando o estouro dessa bolha ameaçou lançar o mundo em gravíssima recessão. A solução, se é que pode ser assim chamada, foi baixar paulatinamente os juros dos papéis da dívida norte-americana para patamares impensáveis. Isso gerou outra bolha de especulação devido ao crédito fácil, sobretudo no mercado imobiliário. Esse crédito acabou sendo diluído cavilosamente para dentro de diversos setores da economia. Pessoas que estavam pagando hipotecas viáveis dentro de suas expectativas financeiras e profissionais refinanciavam suas dívidas passando a comprar imóveis duas e até três vezes mais caros que o valor da hipoteca inicial. A situação perdurou até 2008, quando essa nova bolha estourou”, avalia e relembra Dourado.
A “solução” do governo Obama? Aumentar o endividamento americano para além da ionosfera. “Como não existe dinheiro no planeta para desmontar essa bolha, os aficionados por ETs creem que apenas auxílio alienígena possa reverter o quadro”, brinca Dourado (embora saiba que o assunto é muito sério, conforme demonstra o gráfico comparativo publicado no site da revista Veja).
O que se espera para os Estados Unidos é o mesmo que aconteceu com o Japão: lenta decadência causada por endividamento, inflação e queda do PIB. “Os efeitos políticos e sociais desse cenário tendem a ser devastadores”, prevê Dourado. “Isso vai complicar em muito a política externa. Quando o pragmatismo desbanca a diplomacia vale a lei do mais forte sem paliativos, sem concessões. Quando um peixe grande abaixa o padrão, os demais seguem na cola. Tendemos à década de 1930, substituindo o conflito ideológico pela agenda ambiental. Não faltarão atores laterais querendo se aproveitar para aumentar sua influência. O Vaticano já desponta nesse sentido. Alguns fatores agravantes (ex.: desastres naturais), se combinados, certamente acelerarão o quadro”, conclui.
O professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, Maurício Santoro, também relaciona os atuais problemas econômicos com o 11/9: “Para evitar uma desaceleração econômica naquela época o governo dos Estados Unidos reduziu os juros e estimulou o consumo da população. Com baixas taxas de retorno, a população começou a consumir e a procurar opções mais rentáveis de investimentos, como a bolsa de valores. Muitos compraram casas com financiamento a juros baixos, pegaram empréstimos colocando imóveis como garantia e foram investir em ações e consumir mais, alimentando o descontrole sobre as finanças pessoais e o sistema financeiro como um todo. Construíram um castelo de cartas que ruiu com a crise financeira de 2008.”
Mas os maus ventos não sopraram apenas contra a economia.
Ameaça à liberdade
Em seu artigo “O fim da democracia norte-americana”, o jornalista e professor universitário Ruben Dargã Holdorf mostra que a mídia norte-americana mudou seus valores e que as práticas vigentes enfraquecem cada vez mais o perfil histórico dos Estados Unidos como nação defensora das liberdades de imprensa, expressão e consciência. Holdorf menciona pesquisa segundo a qual apenas 47% das pessoas leem algum jornal nos Estados Unidos. Além disso, “um americano médio investe somente 99 horas anuais na leitura de livros, enquanto torra 1.460 horas em frente a um televisor; e ridículos 11% são os leitores de jornal diário, cujos quadrinhos e classificados de carros usados se demonstram os prediletos”. Nesse cenário de medo e alienação, fica bem mais fácil para uma elite ditar os rumos da política.
Holdorf lembra que a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos garante que “o Congresso não fará nenhuma lei... que restrinja a liberdade de expressão ou de imprensa”. Mas, para ele, “algo de anormal” ocorre nos bastidores da mídia norte-americana, e isso vem enfraquecendo um sólido fundamento de mais de 200 anos. “A rivalidade entre o governo e a imprensa se iniciou logo após os atentados de 11/9, quando a conselheira nacional de Segurança, Condoleezza Rice, solicitou à imprensa nacional evitar qualquer notícia prejudicial à ordem no país. Os chefes de redação, Ron Gutting e Dan Guthrie, dos jornais City Sun e Daily Courier, respectivamente, ousaram cumprir a Primeira Emenda e criticar o presidente. Amargaram a demissão. Configurava-se aí o princípio da derrocada da Primeira Emenda e o primeiro abalo contra a democracia”, lembra o jornalista.
Para Holdorf, outro fator que atenta contra a diversidade de pensamento é o monopólio da informação. “Quando as comunicações se aglutinam sob o comando e orientação de poucos ou somente uma empresa jornalística, ocorre o risco da manipulação. Os Estados Unidos têm hoje apenas seis grandes empresas de comunicação. E já foram cerca de mil. O número de cidades norte-americanas com pelo menos dois jornais concorrentes é de reduzidos 34 locais”, contabiliza.
Em seu artigo, Holdorf cita estudiosos segundo os quais a morte da democracia na América começa a partir do momento em que os Estados Unidos justificaram ataques militares e invasões a países suspeitos de terrorismo.[1] Após destronarem a democracia, surgiu um Estado fascista e teocrático. E quase ninguém parece se importar, pois talvez não se dê conta de onde isso pode terminar.
Segundo matéria publicada na revista Superinteressante de setembro, para combater o terrorismo (ou com essa justificativa), “os Estados Unidos tomaram medidas radicais. O governo passou a grampear secretamente e-mails e telefonemas da população. Criou cadeias à margem da lei (como a de Guantánamo, que não obedece às regras jurídicas do país) e usou tortura contra suspeitos de terrorismo – que podem ser presos por tempo indeterminado, mesmo sem provas ou sequer uma acusação concreta. Por tudo isso, há quem diga que os Estados Unidos se tornaram um Estado policial”.
A crescente apatia política do povo norte-americano está abrindo as portas para as ações da Nova Direita, maior movimento religioso dos Estados Unidos, simpatizante do Partido Republicano e que defende a união do Estado com a Igreja. Inclusive a pré-candidata republicana Michele Bachmann chegou a afirmar que o terremoto e o furacão Irene (que atingiram Estados americanos em agosto deste ano) teriam sido provocados por Deus para chamar atenção sobre os problemas da nação. Estariam esses políticos sugerindo o retorno à fé como solução para esses problemas? Mas o retorno a que tipo de fé?
Holdorf aponta a consequência dessa mistura entre política e religião: “Se a condição laica de Estado ruir, com certeza a liberdade de imprensa será a próxima vítima desse poder autoritário”, e, “caso essa configuração continue tomando forma, a previsão quanto aos destinos do planeta nas próximas décadas não é nem um pouco otimista. Ao contrário do que se projeta, a ruína da imprensa vai desencadear uma série de fatos que podem conduzir as principais democracias do Ocidente a sua derrocada e ao retrocesso a uma nova ‘Idade Média’”.
Nada mais profético!
Cenário profético
Na opinião do teólogo e blogueiro Sérgio Santeli, de São Paulo, algumas liberdades civis foram atropeladas depois do 11/9. Com a aprovação da Lei Patriótica, o governo americano passou a ter o direito de investigar qualquer cidadão norte-americano ou estrangeiro que resida nos Estados Unidos, sem necessidade de ordem judicial – basta desconfiarem que alguém esteja ajudando os terroristas. “Quem garante que os ‘inimigos políticos’ (ou religiosos) do governo não serão colocados no mesmo barco?”, pergunta Santeli.
Ele lembra que, em 2006, foi aprovado também o Ato das Comissões Militares, que dá ao presidente norte-americano autoridade para instituir tribunais militares à parte do sistema judicial, com o propósito de julgar “combatentes inimigos ilegais”. Detalhe: qualquer cidadão americano pode então ser considerado “combatente inimigo ilegal”.
Mas, afinal, como o maior ataque terrorista da História se encaixa no cenário profético? Para o criador do blog Minuto Profético, o 11/9 antecipou a chegada do quadro profético de Apocalipse 13:15-17, segundo o qual os “combatentes inimigos ilegais” do governo norte-americano não poderão comprar nem vender se não tiverem o sinal da besta.[2] “O evento também mostrou claramente que, diante de uma tragédia de grandes proporções, as pessoas abrem mão de sua liberdade em troca da promessa de segurança”, avalia o teólogo. “A pergunta é: Não poderia também a lei dominical ser imposta em outro futuro cenário de uma tragédia de grandes proporções, quando a segurança mais uma vez fosse trocada pela liberdade?” Ensaios para essa lei já estão sendo feitos na Europa...
Embora existam muitas teorias conspiratórias relacionadas ao 11/9, algumas parecem ter um fundo de verdade. Para Santeli, o atentado teria sido um evento “falsa bandeira” com o propósito de criar leis para subtrair liberdades civis dos americanos e criar um pretexto para atacar países não alinhados com Washington. “O status quo é mantido pela submissão a uma sociedade e a seus valores. A submissão requer uma causa; uma causa requer um inimigo. O que mudou depois do 11/9 foi a definição de inimigo. Antes eram os comunistas, agora são os ‘terroristas’ e os ‘combatentes inimigos ilegais’. Ao mudar o inimigo, muda-se a causa pela qual lutar, mas a submissão ainda permanece e o status quo continua. Só que agora o mundo está bem mais próximo de cumprir a profecia da crise final”, conclui Santeli.
A atuação da nação profética
Como a arte imita a vida e dela se alimenta, não faltam exemplos de produções cinematográficas e televisivas que, de certa forma, reproduzem a sombra que paira sobre nossa cabeça. Dois exemplos entre muitos: em “O Cavaleiro das Trevas”, o personagem Batman vai a Hong Kong atrás de um criminoso, captura o bandido e o leva de volta a Gotham (Nova York?) sem dar satisfação a ninguém. Jack Bauer, da série de TV “24 Horas”, é um agente do governo que não se submete a leis internacionais ou a acordos bilaterais entre países. Ele faz o que julga ser necessário para “fazer justiça”.
Para o blogueiro português Filipe Reis, em lugar de o ataque ao território americano em 2001 abalar a grande nação profética, tornou-a, na verdade, mais dominadora, seja de forma visível (agora os americanos invadem qualquer nação sem ser objeto de grandes críticas, pelo menos no Ocidente) ou camuflada (diversas leis e projetos de lei têm sido elaborados para condicionar liberdades). “É engraçado verificar que aqui na Europa, em meio a países profundamente afetados pela crise, os governantes parecem mais concentrados nos esforços para manter a união que supostamente existe entre as nações e se esquecem um pouco dos Estados Unidos”, diz Filipe. É assim que “Bauer” e “Batman” gostam...
Além da atuação externa da superpotência do norte, deve-se considerar, também, o que vem acontecendo internamente por lá – ao lado do que já vimos sobre o controle da mídia e o descontrole da economia. Segundo matéria publicada no Último Segundo, do portal iG, “nas últimas semanas, menções negativas ao islamismo foram feitas por Newt Gingrich, Michele Bachmann, Herman Cain e Mitt Romney, os quatro principais concorrentes à nomeação republicana para a disputa contra o atual presidente dos Estados Unidos, o democrata Obama. Cain, por exemplo, disse publicamente que jamais consideraria contratar um muçulmano como parte da sua equipe. Dias depois, foi elogiado e defendido por Gingrich, que comparou os muçulmanos aos nazistas”.
Segundo Sherman Jackson, professor de estudos islâmicos da Universidade de Michigan, citado na matéria, a atual crise econômica americana dá combustível aos movimentos conservadores nos Estados Unidos, que tendem a criticar e oprimir as minorias, incluindo os muçulmanos. De 2010 para cá, pelo menos dois Estados norte-americanos, Oklahoma e Tennessee, aprovaram medidas constitucionais para banir o uso das regras islâmicas nos tribunais americanos.
É bom lembrar, também, que, antes de 11/9, ateus militantes como Dawkins, Hitchens e Harris quase não tinham espaço na mídia. Mark Juergensmeyer, em seu livro Terror in the Mind of God, defende a ideia de que a religião naturalmente induz à violência. Livros com esse tipo de conteúdo e ações da militância neoateísta eram raros antes de 2001. Mas, de lá para cá, esse tipo de discurso se tornou comum e surge justamente nesse mar revoltoso contra as religiões (não apenas o Islã).
A atitude e os métodos da Al Qaeda são deploráveis, não resta dúvida. Mas, quando analisamos a teologia e as ideologias de seus aderentes, algumas coisas chamam a atenção: (1) existe aversão ao materialismo e ao secularismo da cultura ocidental, (2) a condenação da sensualidade e da imoralidade, (3) um sentimento contrário ao Vaticano e aos Estados Unidos, e (4) o temor de uma possível união entre esses dois poderes. Se nos lembrarmos de que muçulmanos não comercializam bebidas alcoólicas, vestem-se com modéstia e não comem carne de porco, certamente um grupo de cristãos virá à mente e será mais fácil antever a oposição mundial ao remanescente fiel de Apocalipse – à primeira vista, ele se parece muito com um inimigo em comum para boa parte do mundo ocidental (os fundamentalistas islâmicos), embora nada tenha que ver com seus métodos e propósitos.
Em matéria especial sobre os dez anos do 11 de Setembro, a revista Veja do dia 7 de setembro abre assim o texto: “Momentos históricos decisivos ocorrem por uma combinação de fatores – mudanças demográficas, decisões políticas e econômicas e desastres naturais, por exemplo podem confluir para que uma sociedade siga por um novo rumo.” Isso me faz lembrar as palavras de Ellen White, no livro Eventos Finais: “As calamidades em terra e mar, as condições sociais agitadas, os rumores de guerra são assombrosos. Prenunciam a proximidade de acontecimentos da maior importância. [...] Grandes mudanças estão prestes a ocorrer no mundo, e os acontecimentos finais serão rápidos” (p. 9).
Veja também dá sua definição de “fundamentalismo”: “Assim como outras formas de radicalismo religioso, ele [o fundamentalismo] exige que se viva sob uma interpretação literal e, portanto, originalmente ‘pura’ dos textos sagrados.” Se nos lembrarmos de que, em 2001, um mês antes dos atentados do dia 11 de setembro, a revista Galileu chamou os criacionistas de “fundamentalistas” e que, em 8 de fevereiro de 2006, a revista Veja afirmou que a “tese” bíblica de que Deus criou todos os seres vivos é “treva”, poderemos concluir que a definição geral de “fundamentalismo” abarca outros grupos religiosos, especialmente aqueles que aceitam a literalidade do relato de Gênesis, a semana literal da criação e a observância do sábado bíblico como memorial dessa criação literal. Diferentemente dos radicais islâmicos, esses cristãos são um grupo pacífico. Mas alguém está interessado em conhecer a diferença?
Então, ponha no liquidificar a crise econômica, a apatia política dos norte-americanos, o cerceamento das liberdades individuais, a mídia amordaçada, o fortalecimento de grupos que torcem pela funesta união entre Igreja e Estado e a aversão pelas minorias consideradas “fundamentalistas”, e tente imaginar no que vai dar essa receita...
Na opinião da escritora especialista em temas religiosos Karen Armstrong, expressa no primeiro capítulo de seu livro Em Nome de Deus, “fundamentalistas cristãos rejeitam as descobertas da biologia e da física sobre as origens da vida e afirmam que o livro do Gênesis é cientificamente exato em todos os detalhes”. Não é mais ou menos isso o que os criacionistas defendem? Não é mais ou menos nisso que creem os guardadores do sábado, mais especificamente?[3]
Creio que, finalmente, se cumprirá a profecia segundo a qual “os que honram o sábado bíblico serão denunciados como inimigos da lei e da ordem [combatentes inimigos ilegais?], como que a derribar as restrições morais da sociedade, causando anarquia e corrupção, e atraindo os juízos de Deus sobre a Terra” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 592).[4]
Então, como nunca antes visto neste planeta, o cordeiro falará como dragão.
Michelson Borges, jornalista e mestre em teologia
1. Em seu ótimo artigo “Um messias judaico-americano”, o jornalista e doutor em teologia Vanderlei Dorneles sustenta que, provavelmente, a motivação maior dessa guerra e da própria política imperialista norte-americana seja algo que foi tratado apenas superficialmente pelos meios de comunicação no Brasil – uma “utopia” religiosa, entesourada na crença evangélica americana.
2. Em janeiro de 2001, na revista Sinais dos Tempos, o teólogo e jornalista Marcos De Benedicto explicou: “Apocalipse 13 descreve dois poderes, os quais seu autor chama de ‘bestas’ ou ‘monstros’, que vão dominar o cenário mundial no fim dos tempos e perseguir as minorias que discordarem de sua política global. O primeiro desses poderes seria o Vaticano (que tomou o lugar da antiga Roma), e o segundo os Estados Unidos (a nova Roma). Um poder é religioso-político e o outro político-religioso. Como o Vaticano tem influência moral, mas não poder militar, os Estados Unidos emprestariam sua autoridade para a cúpula da Santa Sé levar seus planos adiante.”
3. “Como os americanos considerarão alguma denominação religiosa que, sediada em Washington, afirma que os Estados Unidos são a segunda besta do Apocalipse? Esse conceito não é bastante parecido com a ideia que os islâmicos mantêm acerca de Tio Sam? O livro O Grande Conflito, de Ellen White, afirma claramente a identidade dos Estados Unidos com a segunda besta do Apocalipse, na página 584. Esse livro revela, apoiado nas palavras do apóstolo Paulo, em 2 Tessalonicenses 2, que o próprio Satanás imitará a vinda de Cristo, e receberá o culto dos seres humanos. Ele se manifestará com certa medida de glória e procurará recomendar seu reino a todos os seres humanos (ver O Grande Conflito, p. 593, 629). Diz ainda que, ‘quando a proteção das leis humanas for retirada dos que honram a lei de Deus, haverá, nos diferentes países, um movimento simultâneo com o fim de destruí-los. [...] Resolver-se-á dar em uma noite um golpe decisivo, que faça silenciar por completo a voz de dissentimento e reprovação’ (ibid, p. 635). Essas predições indicam que a intolerância da ‘besta’ chegará ao ponto de pretender silenciar mesmo aqueles que manifestam reprovação e discordância só por sua voz” (Vanderlei Dorneles, artigo citado).
4. Segundo Dorneles, pode estar se tornando intrigante o que o jornalista Clifford Goldstein escreveu no livro O Dia do Dragão, na página 11, quando afirma que o livro O Grande Conflito, sem dúvida, desencadeará uma tempestade de perseguições contra os que discordam do que está sendo defendido e realizado pelos norte-americanos. O ano de 2012 verá uma distribuição mundial em massa desse livro, como nunca feito antes na história do adventismo.
segunda-feira, agosto 29, 2011
Quem era Tammuz?
Quem era Tammuz por quem as mulheres judias choravam (Ez 8:14)? Por que essa atividade no templo era um das “grandes abominações” (Ez 8:6, 13-15)?
Tammuz foi uma divindade importada para Judá. As origens da adoração desse deus estão perdidas, embora o nome “Dumuzi” esteja relacionado com um governante de uma das cidades-estados da Suméria antes da metade do 3º milênio a.C. Durante o período neosumeriano (Ca. 2200-1900 a.C.), os sumérios reconheceram Dumuzi como um deus e normalmente o relacionavam com a deusa Inanna. Em cultos acadianos, Dumuzi era chamado Tammuz e Inanna era identificada com Ishtar. Esses deuses são conhecidos por ambos os nomes: Dumuzi/Tammuz e Inanna/Ishtar.
Algumas histórias sobre a deusa Inanna/Ishtar falam de sua ida ao submundo (inferno) para visitar sua irmã, a rainha daquele lugar. Tendo sido enganada por ela para se tornar um cadáver na terra dos mortos, Inanna/Ishtar precisava achar um substituto para tomar seu lugar ou para permanecer para sempre entre os mortos. Retornando para a terra, ela encontrou apenas divindades agradáveis, nenhuma das quais ela poderia enviar para sua irmã. No entanto, quando retornou para seu templo, ela foi cumprimentada pelo seu despreocupado marido, Dumuzi/Tammuz. Ela o arrastou para o submundo com a ajuda de demônios para tomar o lugar dela entre os mortos.
O poema chamado “Épico de Gilgamesh” faz referência a esse mito e ao choro anual que Ishtar estabeleceu para comemorar a morte de Tammuz. É esse choro anual por Tammuz que chamou a atenção de Ezequiel, no templo de Jerusalém. As mulheres judias tinham tomado parte na adoração a Tammuz e possivelmente no culto de Ishtar e Tammuz que envolvia rituais de fertilidade. Isso também teria sido uma abominação a Deus, que através de Jeremias tinha declarado que a fertilidade vem somente de Deus (Jr 5:24). Mulheres chorando em um ritual por outra divindade no templo dedicado a Deus claramente era uma grande abominação.
(New King James Version: Chronological Study Bible, p. 784; traduzido e adaptado por Luiz Gustavo Assis)
Tammuz foi uma divindade importada para Judá. As origens da adoração desse deus estão perdidas, embora o nome “Dumuzi” esteja relacionado com um governante de uma das cidades-estados da Suméria antes da metade do 3º milênio a.C. Durante o período neosumeriano (Ca. 2200-1900 a.C.), os sumérios reconheceram Dumuzi como um deus e normalmente o relacionavam com a deusa Inanna. Em cultos acadianos, Dumuzi era chamado Tammuz e Inanna era identificada com Ishtar. Esses deuses são conhecidos por ambos os nomes: Dumuzi/Tammuz e Inanna/Ishtar.
Algumas histórias sobre a deusa Inanna/Ishtar falam de sua ida ao submundo (inferno) para visitar sua irmã, a rainha daquele lugar. Tendo sido enganada por ela para se tornar um cadáver na terra dos mortos, Inanna/Ishtar precisava achar um substituto para tomar seu lugar ou para permanecer para sempre entre os mortos. Retornando para a terra, ela encontrou apenas divindades agradáveis, nenhuma das quais ela poderia enviar para sua irmã. No entanto, quando retornou para seu templo, ela foi cumprimentada pelo seu despreocupado marido, Dumuzi/Tammuz. Ela o arrastou para o submundo com a ajuda de demônios para tomar o lugar dela entre os mortos.
O poema chamado “Épico de Gilgamesh” faz referência a esse mito e ao choro anual que Ishtar estabeleceu para comemorar a morte de Tammuz. É esse choro anual por Tammuz que chamou a atenção de Ezequiel, no templo de Jerusalém. As mulheres judias tinham tomado parte na adoração a Tammuz e possivelmente no culto de Ishtar e Tammuz que envolvia rituais de fertilidade. Isso também teria sido uma abominação a Deus, que através de Jeremias tinha declarado que a fertilidade vem somente de Deus (Jr 5:24). Mulheres chorando em um ritual por outra divindade no templo dedicado a Deus claramente era uma grande abominação.
(New King James Version: Chronological Study Bible, p. 784; traduzido e adaptado por Luiz Gustavo Assis)
terça-feira, agosto 09, 2011
O pairar do Espírito de Deus
O que o verso de Gênesis 1:2 tem a dizer sobre a doutrina da Trindade?
Como seres humanos, somos limitados na compreensão de alguns assuntos bíblicos. Um desses assuntos é, sem dúvida, a doutrina da Trindade. Sempre existiram pessoas que não concordaram com esse ensinamento e, nos últimos anos, essa crença tem sido desafiada por diversos cristãos, inclusive adventistas. Para esses indivíduos, o Espírito Santo é mera energia e não possui nada que possa caracterizá-Lo como divino. Vários periódicos adventistas (Revista Adventista, Ministério, etc.) publicaram, recentemente, diversos artigos sobre o Espírito Santo no Antigo e no Novo Testamento.[1] O presente artigo explorará um texto não muito utilizado na abordagem desse tema. Trata-se de Gênesis 1:2. Nosso foco, nessa passagem, estará na última parte do verso: “...e o Espírito de Deus pairava sobre as águas.”
Nosso estudo está dividido em duas partes: (1) Seria o Espírito de Deus o próprio Deus? (2) Seria o Espírito de Deus uma pessoa? Logo após essas duas sessões, faremos algumas considerações finais.
Seria o Espírito de Deus o próprio Deus?
O livro de Gênesis foi originalmente escrito em hebraico, e traduzir uma língua assim nem sempre é tão simples. A expressão de Gênesis 1:2, ruach ‘Elohim, que na maioria das Bíblias aparece como “Espírito de Deus”, foi traduzida em outras versões como “um forte vento” ou “um vento da parte de Deus espalhava-se por sobre as águas”. Essas duas versões, como se pode notar, tendem a considerar o “Espírito” como uma força inanimada ou um sopro de Deus e não uma pessoa da Divindade, conforme propõe a doutrina da Trindade. Estaria isso correto?
De fato, a palavra ruach, se estiver sozinha, pode significar tanto vento quanto espírito. Nesse caso, é o contexto que definirá a melhor tradução. Mas lembre-se de que aqui ela não está sozinha, e sim acompanhada de ‘Elohim que quer dizer Deus. Ora, das 24 ocorrências de ruach ‘Elohim na Bíblia Sagrada, nenhuma é traduzida por “vento forte” ou “vento da parte de Deus”. Por que essa seria? Como se vê, o texto de Gênesis está falando de algo mais profundo do que simplesmente um vento descontrolado. Trata-se do Espírito Santo de Deus![2]
Mas qual é o significado da expressão “Espírito de Deus”? A leitura isolada do texto de Gênesis não nos esclarece muito. No entanto, quando comparada com outras partes da Bíblia que falam a respeito da Criação, nossa compreensão é ampliada. Para encontrarmos a resposta a essa pergunta, veremos outras duas passagens: Salmo 104 e Jó 33.
Todo o salmo 104 é um hino de louvor a Deus baseado no relato da Criação de Gênesis 1. No verso 30, lemos: “Envias o Teu Espírito, eles são criados.” Ao que parece, a criação só foi possível a partir da atuação do Espírito. Esse texto não é o único que apresenta o poder criador do Espírito Santo. O mesmo ocorre com Jó 33. Vejamos:
Eliú, um dos amigos de Jó, disse: “O Espírito de Deus me fez; e o Sopro do Todo-Poderoso me dá vida” (Jó 33:4). O uso do verbo “fazer” (‘asah) nesse texto nos leva diretamente para o momento em que Deus “formou” (‘asah) o homem do pó da terra (Gn 2:7). Para aqueles que sugerem a inexistência do Espírito Santo na Criação, esses textos revelam claramente que Ele teve participação ativa nesse evento.
O ensinamento de Gênesis 1:2 não é outro senão o Fôlego vindo de Deus como o começo da vida. Ele é um instrumento da criação e também é divino, já que é capaz de criar.
Seria o Espírito de Deus uma pessoa?
A evidência bíblica para a personalidade do Espírito de Deus está no uso do verbo hebraico rahap (pairar, plainar, voar). Esse é um verbo raro nas páginas do Antigo Testamento. Além do texto de Gênesis, rahap também foi utilizado em Deuteronômio 32:11, onde o autor bíblico ilustra o cuidado de Deus com Seu povo no deserto como o de uma águia que paira (rahap) sobre seu ninho, dando assim a ideia de proteção.
Para nos aprofundarmos no conhecimento desse verbo, faremos o uso de um antigo idioma que apresenta muitas semelhanças com o idioma do Antigo Testamento. Trata-se do ugarítico, conhecido a partir de 1929, com o início das escavações na antiga cidade de Ugarite, atual norte da Síria.
Até o momento da descoberta da língua ugarítica, diversas palavras e expressões hebraicas eram difíceis de ser compreendidas. A partir das traduções dos textos ugaríticos, muitas das dificuldades bíblicas foram solucionadas.
A relevância disso para nosso estudo é que em todos os textos ugaríticos disponíveis até o momento rahap sempre está relacionado com pássaros, mais especificamente águias. A importância disso é que esse verbo descreve a atitude de um ser vivo e não uma força ou energia.[3] Esses documentos arqueológicos com mais de três mil anos sugerem uma profunda descoberta bíblica: a ação do Espírito de Deus em Gênesis 1:2 é uma atividade executada por um Ser vivo que “paira” como um pássaro sobre a Terra criada.[4]
Indo além e observando rahap em outras línguas antigas, podemos apreciar melhor a beleza dessa passagem bíblica. Em siríaco, por exemplo, rahep significa “geração”. Já no árabe antigo a ideia é de estar suspenso e abrir de asas, transmitindo assim um sentido de proteção e cuidado de um pássaro com seu ninho.[5]
Quem sabe seja por esse motivo que o Espírito Santo escolheu uma ave (pomba) para Se manifestar por ocasião do batismo de Jesus Cristo (cf. Lc 3:22).
Podemos resumir todas essas informações provindas desses idiomas em uma única frase: um Ser vivo gerando vida e protegendo Sua criação! Este é o sentido do verbo “pairar” em Gênesis 1:2: uma atividade criadora e, ao mesmo tempo, protetora.
Considerações finais
Para aqueles que questionam a aparente ausência do Espírito Santo na criação do mundo, Gênesis 1:2 apresenta uma poderosa resposta. Podemos encontrar nesse texto, de forma embrionária, elementos sobre a divindade e personalidade desse Ser que foram ampliados no Novo Testamento.
Tão importante quanto as informações acima é exatamente o que elas significam para o cristão no século 21. Assim como a Terra “sem forma e vazia” foi transformada graças à atuação do Espírito de Deus, o mesmo pode ocorrer com pessoas marcadas por um vazio existencial. Para modificar esse quadro, por que não experimentar hoje o pairar do Espírito de Deus em nossa vida?
(Luiz Gustavo de Souza Assis é pastor em Caxias do Sul, RS)
Referências:
1. José Carlos Ramos, “Uma Pessoa maravilhosa chamada Espírito Santo”, Revista Adventista, agosto de 2001, p. 8-10; Ozeas Caldas Moura, “A Divindade e Personalidade do Espírito Santo”, Revista Adventista, novembro de 2002, p. 16, 17; Gerhard Pfandl, “A Trindade na Bíblia”, Ministério, março-abril de 2005, p. 15-22.
2. Se Moisés estivesse falando a respeito de um vento “tempestuoso”, ele provavelmente usaria as expressões ruach se’arah (cf. Sl 107:25; 148:8) ou ruach qadim (cf. Jr 18:7; Sl 48:7). Jonas 1:4 também é um texto esclarecedor. Ao falar sobre o forte vento, o autor bíblico utilizou a expressão ruach gedolah e não ruach ‘Elohim, como em Gênesis 1:2. Sabatino Moscati, “The Wind in Biblical and Phoenician Cosmogony”, JBL, nº 66 (1947), p. 307.
3. H. Neil Richardson, “An Ugaritic Letter of a King to His Mother”, JBL, nº 66 (1947), p. 322.
4. Roberto Ouro, “The Earth of Genesis 1:2: Abiotic or Chaotic?”, Part III, AUSS, nº 38 (1998), p.64.
5. Moscati, p. 307.
quarta-feira, julho 27, 2011
Retrato de Jesus
Gostaria de saber se o retrato ao lado foi pintado por solicitação de Ellen White após a visão que ela teve de Jesus ou se esse retrato já existia e se aproximava muito do que ela tinha visto durante as visões? Alguns dizem que essa imagem “se aproxima muito” da realidade, outros dizem que é exatamente o Salvador. Esse retrato já existia ou ela mandou alguém fazer? O que está certo afinal? – L.
Prezado irmão L., na legenda de outra cópia dessa foto, também disponível no Centro de Pesquisas Ellen G. White, é dito o seguinte: “Ellen G. White, quando visitava a Sra. Abbie Kellogg Norton, sempre contemplava na parede da sala um quadro de Jesus, de autoria de John Sartain, e comentava: ‘Sim, sim, ele parece o Salvador como me tem sido mostrado em visão – é o mais semelhante do que qualquer outro que tenho visto.’”
Nesse texto, você tem a resposta para suas duas perguntas. Em primeiro lugar, o quadro foi produzido por John Sartain. Ele não era adventista e não realizou a obra por influência de Ellen White. Veja mais sobre a vida dele aqui. Em segundo lugar, Ellen White dizia ser “o mais semelhante” quadro que já tinha visto. Obviamente, quem não viu pessoalmente a Jesus não poderia produzir um retrato exatamente igual a Ele.
(Matheus Cardoso)
Prezado irmão L., na legenda de outra cópia dessa foto, também disponível no Centro de Pesquisas Ellen G. White, é dito o seguinte: “Ellen G. White, quando visitava a Sra. Abbie Kellogg Norton, sempre contemplava na parede da sala um quadro de Jesus, de autoria de John Sartain, e comentava: ‘Sim, sim, ele parece o Salvador como me tem sido mostrado em visão – é o mais semelhante do que qualquer outro que tenho visto.’”
Nesse texto, você tem a resposta para suas duas perguntas. Em primeiro lugar, o quadro foi produzido por John Sartain. Ele não era adventista e não realizou a obra por influência de Ellen White. Veja mais sobre a vida dele aqui. Em segundo lugar, Ellen White dizia ser “o mais semelhante” quadro que já tinha visto. Obviamente, quem não viu pessoalmente a Jesus não poderia produzir um retrato exatamente igual a Ele.
(Matheus Cardoso)
segunda-feira, junho 27, 2011
1 Samuel 28 apoia a necromancia e o espiritismo?
Quando Saul consultou uma feiticeira, o espírito que ela fez subir era mesmo Samuel? Isso não prova a existência de vida após a morte e de espíritos de mortos?
“Entre as operações de maior êxito do grande enganador, encontram-se os ensinos ilusórios e prodígios de mentira do espiritismo. Disfarçado em anjo de luz, estende suas redes onde menos se espera. Se os homens tão-somente estudassem o Livro de Deus com fervorosa oração a fim de o poderem compreender, não seriam deixados em trevas, à mercê das doutrinas falsas. Mas, rejeitando eles a verdade, são presa da ilusão.”[1]
As palavras acima, escritas no século 19, são uma descrição precisa da religiosidade brasileira. O ano de 2010 ficou marcado pelo lançamento de um dos principais filmes do cinema brasileiro de todos os tempos, “Chico Xavier”, que enaltece a figura do principal médium nascido em terras nacionais. Estima-se que mais de um milhão de espectadores passaram por salas de cinemas em todo o território nacional nos dez primeiros dias de exibição.
É evidente que, como adventistas, não compartilhamos os ensinamentos do espiritismo. Cremos na imortalidade condicional do ser humano, e não que a imortalidade lhe seja natural.[2] No entanto, como entender a problemática passagem de 1 Samuel 28, segundo a qual aparentemente o profeta Samuel retornou do mundo dos mortos e se comunicou com o rei Saul?[3] Esse texto se tornou um dos principais argumentos a favor da abordagem espírita das Escrituras Sagradas.
Neste artigo, faremos uma análise cuidadosa das informações fornecidas pelo texto bíblico. Vamos obter uma compreensão do relato a partir de textos rituais de necromancia entre os povos da Mesopotâmia e Canaã.
Saul e a necromante
A cidade de En-Dor ficava a aproximadamente 7 km de Gilboa, onde o acampamento filisteu estava arregimentado (v. 3). Devido a essa geografia, Andrew Fausset sugere que provavelmente Saul tenha passado pelo acampamento inimigo antes de chegar até a necromante,[4] o que faz sentido quando lemos que Saul se disfarçou antes do encontro (v. 8). A mesma informação é dada por Ellen White.[5] Ele correu todo esse risco apenas para encontrar alguém que pudesse aliviar-lhe o medo por meio de uma sessão de necromancia!
O texto bíblico não oferece detalhes sobre os processos ritualísticos ocorridos durante a seção mediúnica. Dispomos apenas do diálogo entre a necromante e Saul. Por cinco vezes o verbo “subir” (heb. ‘alah) é utilizado na conversa, como se lê entre os versos 11 a 15. Nessas passagens, o verbo está relacionado ao ato de fazer uma entidade morta voltar para o mundo dos vivos e comunicar sua mensagem. Um estudo aprofundado desses versos revelará a chave para uma compreensão bíblica séria de todo o capítulo.
Ao ser questionada sobre o que estava vendo em seu transe, a médium de En-Dor respondeu: “Deuses subindo eu vejo” (tradução literal). Curiosamente, o substantivo ‘elohim é usado nessa passagem para se referir a uma entidade morta! O motivo desse uso pode ser mais bem apreciado quando lembramos que entre muitos dos povos do Antigo Oriente Médio ancestrais costumavam ser adorados como deuses.
Em textos mesopotâmicos, por exemplo, o substantivo ilu, palavra acadiana para “deuses”, é usado largamente para se referir a mortos. Theodore Lewis, acadêmico da Johns Hopkins University, demonstrou o mesmo fenômeno em textos assírios, babilônicos, egípcios, hititas, fenícios e ugaríticos.[6] O mesmo ocorria em Canaã, como pode ser notado numa rápida comparação entre Números 25:2, onde é dito que os israelitas comeram sacrifícios dos deuses dos moabitas, e o Salmo 106, no qual o autor afirma que eles comeram sacrifícios dos mortos (v. 28).[7] Esses textos sugerem que entre os povos de Canaã os mortos também eram chamados de deuses (‘elohim).
Um intérprete sério e honesto das Escrituras não pode considerar a aparição do antigo profeta a Saul como sendo de origem divina, uma vez que o texto é claro em dizer que Deus não respondeu ao rei por nenhum dos métodos de revelação (v. 6). O que temos em 1 Samuel 28 é um ritual pagão totalmente contrário aos mandamentos de Deus (cf. Dt 18:9-13).
Saul parece ignorar o fato de que a necromante estava vendo vários deuses/espíritos mortos e muda do plural para o singular com a pergunta “Como é sua aparência?” (v. 14). Quem sabe temendo pela sua vida (cf. v. 9), ela agradou a Saul dizendo que estava vendo “um ancião subindo envolto numa capa” (v. 14). O que levou Saul a identificar esse “ancião” com Samuel, como pode ser lido no mesmo verso 14? Aparentemente a capa (heb. me’il) era uma característica da vestimenta do profeta (cf. 1 Sm 15:27; 2:19), mas ainda assim fica difícil ver alguma conexão entre o “ancião” e Samuel.
É bem provável que essa questão seja elucidada através de um problema textual no verso 14. P. Kyle McCarter Jr., do Departamento de Estudos Orientais da Jonhs Hopkins University, notou que há uma dificuldade em se aceitar a tradução “ancião” ou “homem velho” (‘ish zaqen) com base na versão grega do Antigo Testamento, a LXX.[8] Ao invés de zaqen, “velho”, em hebraico, é provável que a forma original da palavra tenha sido zaqep, cujo significado é “ereto”, mas nesse texto deve ter o sentido de “surpreendente”.[9] A diferença na grafia das duas palavras é mínima, uma vez que as formas finais das letras “n” e “p”, em hebraico, são bem semelhantes.
Se essa reconstrução do texto estiver correta, a necromante de En-Dor não ficou assustada por ver um homem velho, mas sim um ser inesperado que lhe causou pavor. Sua identificação entre esse ser e Samuel pode ter sido motivada pelo medo de Saul não cumprir sua palavra de preservação (cf. v. 9).
Saul e Samuel
Uma situação que causa certo desconforto quando esse capítulo é tratado em círculos adventistas é o fato de lermos em dois versos (v. 15 e 16) a expressão “Samuel disse...”, uma vez que ele já estava morto, como narrado em 1 Samuel 25:1. O teólogo adventista Greenville J. R. Kent, Ph.D em Antigo Testamento pela The University of Manchester, responde a essa situação comparando com a narrativa de Dagom, em 1 Samuel 5, em que as descrições desse deus filisteu sãos as mesmas de um ser humano. Os versos 3 e 4, por exemplo, dizem que Dagom estava com o rosto em terra, uma atitude praticada apenas por seres humanos, e não por um ídolo de madeira ou de metal. Para Kent, afirmar que “Samuel disse” ou que Dagom estava com o “rosto em terra” é uma técnica literária em que o autor bíblico apresenta o ponto de vista dos personagens, independentemente de serem ou não pagãos.[10]
Outra preocupação de alguns adventistas com esse capítulo tem que ver com a profecia, aparentemente cumprida, feita pelo “espírito” de Samuel que, no fim do seu discurso, fez uma chocante afirmação: “Amanhã, você e seus filhos estarão comigo” (v. 19).
Há pelos menos três observações a serem feitas a respeito dessa declaração: (1) Que parâmetro confuso é esse utilizado pelo espírito em colocar um profeta de Deus, Samuel, e um monarca rejeitado por Deus, Saul, no mesmo lugar após a morte? Com amplo apoio escriturístico, podemos afirmar que justos e injustos não terão o mesmo destino (cf. Jo 5:28, 29; 1Ts 4:16, 17; Ap 20:4-6; etc.); (2) nem todos os filhos de Saul morreram com ele, na batalha registrada em 1 Samuel 31; logo no início de 2 Samuel, somos informados de que outro filho de Saul esteve envolvido numa tentativa de usurpação do trono, Isbosete, também chamado de Isbaal (2Sm 2:10); (3) Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus, mas cometeu suicídio (1Sm 31:12, 13).[11]
Considerações finais
O trágico fim da vida de Saul deve servir de alerta para uma geração de cristãos cercados de influências espíritas, contrárias à Palavra de Deus. Entrar no terreno do inimigo pode saciar temporariamente a curiosidade pelo sobrenatural, mas terá um custo extremamente alto. Um adventista do sétimo dia sentiu isso na pele.
Moses Hull era um pregador com diversos talentos. Além de inteligente e hábil com as palavras, seu interesse se voltou para debates com alguns espiritualistas. Houve certo êxito em alguns casos, e ele levou alguns de seus oponentes ao cristianismo, mas quando um debate com o médium W. F. Jamiesen, em Paw Paw, Michigan, foi realizado, a mente de Hull se tornou confusa e a língua dele ficou estranha.[12]
Ellen White o aconselhou diversas vezes, mas sem êxito.[13] Hull pregou seu último sermão como adventista em 20 de setembro de 1863, e após isso o que se viu foi o surgimento de um líder nas fileiras do espiritualismo. Após deixar a esposa, ele se casou com uma médium espírita chamada Mattie E. Sawyer. Em 1902, Hull se tornou o primeiro diretor do Morris Pratt Institute, uma escola especializada em treinar médiuns espiritas. Somado a isso, ele é tido como o responsável por adicionar textos bíblicos para embasar a doutrina espírita. Tragicamente, Moses Hull cometeu suicídio em 1907, em San Jose, na Califórnia.[14]
Saul e Moses Hull. Dois homens separados por quase três mil anos que caíram no mesmo erro. Paulo estava certo quando disse: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuide para que não caia” (1Co 10:12).
(Luiz Gustavo S. Assis é pastor distrital em Caxias do Sul, RS)
1. Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: CPB, 1995), p. 524.
2. Gerard Damsteegt, Nisto Cremos: 27 ensinos bíblicos dos adventistas do sétimo dia (Tatuí, SP: CPB, 2003), p. 452-468.
3. Para mais informações sobre a história da interpretação de 1 Samuel 28 nos círculos judaicos e cristãos, ver K. A. D. Semelik, “The Witch of Endor: 1 Samuel 28 in Rabbinic and Christian Exegesis Till 800 A.D.”, Vigiliae Christianae 33, 1997, p. 160-179.
4. Andrews Fausset, Bible Encyclopedia and Dictionary Critical and Expository, (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1997), p. 205.
5. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: CPB, 1995), p. 679.
6. Theodore J. Lewis, “The Ancestral Estate in 2 Samuel 14:16”, Journal of Biblical Literature 110/04, 1991, p. 600, 601.
7. Lewis, p. 602.
8. P. Kyle McCarter, Jr., I Samuel: The Anchor Bible 8 (New York: Doubleday, 1980), p. 421.
9. Theodore Lewis menciona dois documentos acadianos nos quais a palavra zapaqu, cognata de zaqep, foi utilizada para se referir ao ato de cobras ficarem eretas, quando prontas para dar o bote, e, curiosamente, outro texto falando do fantasma de um morto que deixou o cabelo de alguém em pé! Ambos os textos se referem a “uma noção súbita ou surpreendente associada com medo”. Cults of the Dead in Ancient Israel and Ugarit (Atlanta, GA: Scholars Press, 1989), p. 116. Portanto, a tradução de zapeq em 1 Samuel 28:14 deve levar em conta esse background etimológico.
10. Greenvile J. R. Kent, “Did the Medium at En-Dor Really Bring Forth Samuel?”, em Gerhard Pfandl, ed., Interpreting Scripture: Bible Questions and Answers, Biblical Research Institute Studies, v. 2 (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2010), p. 199.
11. Kent, p. 198.
12. Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: O ministério profético de Ellen G. White (Tatuí, SP: CPB, 2003), p. 231.
13. Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí, SP: CPB, 2006), p. 1:426-437.
14. James R. Nix, “The Tragic Story of Moses Hull”, Adventist Review 164:35 (agosto de 1987), p. 16.
“Entre as operações de maior êxito do grande enganador, encontram-se os ensinos ilusórios e prodígios de mentira do espiritismo. Disfarçado em anjo de luz, estende suas redes onde menos se espera. Se os homens tão-somente estudassem o Livro de Deus com fervorosa oração a fim de o poderem compreender, não seriam deixados em trevas, à mercê das doutrinas falsas. Mas, rejeitando eles a verdade, são presa da ilusão.”[1]
As palavras acima, escritas no século 19, são uma descrição precisa da religiosidade brasileira. O ano de 2010 ficou marcado pelo lançamento de um dos principais filmes do cinema brasileiro de todos os tempos, “Chico Xavier”, que enaltece a figura do principal médium nascido em terras nacionais. Estima-se que mais de um milhão de espectadores passaram por salas de cinemas em todo o território nacional nos dez primeiros dias de exibição.
É evidente que, como adventistas, não compartilhamos os ensinamentos do espiritismo. Cremos na imortalidade condicional do ser humano, e não que a imortalidade lhe seja natural.[2] No entanto, como entender a problemática passagem de 1 Samuel 28, segundo a qual aparentemente o profeta Samuel retornou do mundo dos mortos e se comunicou com o rei Saul?[3] Esse texto se tornou um dos principais argumentos a favor da abordagem espírita das Escrituras Sagradas.
Neste artigo, faremos uma análise cuidadosa das informações fornecidas pelo texto bíblico. Vamos obter uma compreensão do relato a partir de textos rituais de necromancia entre os povos da Mesopotâmia e Canaã.
Saul e a necromante
A cidade de En-Dor ficava a aproximadamente 7 km de Gilboa, onde o acampamento filisteu estava arregimentado (v. 3). Devido a essa geografia, Andrew Fausset sugere que provavelmente Saul tenha passado pelo acampamento inimigo antes de chegar até a necromante,[4] o que faz sentido quando lemos que Saul se disfarçou antes do encontro (v. 8). A mesma informação é dada por Ellen White.[5] Ele correu todo esse risco apenas para encontrar alguém que pudesse aliviar-lhe o medo por meio de uma sessão de necromancia!
O texto bíblico não oferece detalhes sobre os processos ritualísticos ocorridos durante a seção mediúnica. Dispomos apenas do diálogo entre a necromante e Saul. Por cinco vezes o verbo “subir” (heb. ‘alah) é utilizado na conversa, como se lê entre os versos 11 a 15. Nessas passagens, o verbo está relacionado ao ato de fazer uma entidade morta voltar para o mundo dos vivos e comunicar sua mensagem. Um estudo aprofundado desses versos revelará a chave para uma compreensão bíblica séria de todo o capítulo.
Ao ser questionada sobre o que estava vendo em seu transe, a médium de En-Dor respondeu: “Deuses subindo eu vejo” (tradução literal). Curiosamente, o substantivo ‘elohim é usado nessa passagem para se referir a uma entidade morta! O motivo desse uso pode ser mais bem apreciado quando lembramos que entre muitos dos povos do Antigo Oriente Médio ancestrais costumavam ser adorados como deuses.
Em textos mesopotâmicos, por exemplo, o substantivo ilu, palavra acadiana para “deuses”, é usado largamente para se referir a mortos. Theodore Lewis, acadêmico da Johns Hopkins University, demonstrou o mesmo fenômeno em textos assírios, babilônicos, egípcios, hititas, fenícios e ugaríticos.[6] O mesmo ocorria em Canaã, como pode ser notado numa rápida comparação entre Números 25:2, onde é dito que os israelitas comeram sacrifícios dos deuses dos moabitas, e o Salmo 106, no qual o autor afirma que eles comeram sacrifícios dos mortos (v. 28).[7] Esses textos sugerem que entre os povos de Canaã os mortos também eram chamados de deuses (‘elohim).
Um intérprete sério e honesto das Escrituras não pode considerar a aparição do antigo profeta a Saul como sendo de origem divina, uma vez que o texto é claro em dizer que Deus não respondeu ao rei por nenhum dos métodos de revelação (v. 6). O que temos em 1 Samuel 28 é um ritual pagão totalmente contrário aos mandamentos de Deus (cf. Dt 18:9-13).
Saul parece ignorar o fato de que a necromante estava vendo vários deuses/espíritos mortos e muda do plural para o singular com a pergunta “Como é sua aparência?” (v. 14). Quem sabe temendo pela sua vida (cf. v. 9), ela agradou a Saul dizendo que estava vendo “um ancião subindo envolto numa capa” (v. 14). O que levou Saul a identificar esse “ancião” com Samuel, como pode ser lido no mesmo verso 14? Aparentemente a capa (heb. me’il) era uma característica da vestimenta do profeta (cf. 1 Sm 15:27; 2:19), mas ainda assim fica difícil ver alguma conexão entre o “ancião” e Samuel.
É bem provável que essa questão seja elucidada através de um problema textual no verso 14. P. Kyle McCarter Jr., do Departamento de Estudos Orientais da Jonhs Hopkins University, notou que há uma dificuldade em se aceitar a tradução “ancião” ou “homem velho” (‘ish zaqen) com base na versão grega do Antigo Testamento, a LXX.[8] Ao invés de zaqen, “velho”, em hebraico, é provável que a forma original da palavra tenha sido zaqep, cujo significado é “ereto”, mas nesse texto deve ter o sentido de “surpreendente”.[9] A diferença na grafia das duas palavras é mínima, uma vez que as formas finais das letras “n” e “p”, em hebraico, são bem semelhantes.
Se essa reconstrução do texto estiver correta, a necromante de En-Dor não ficou assustada por ver um homem velho, mas sim um ser inesperado que lhe causou pavor. Sua identificação entre esse ser e Samuel pode ter sido motivada pelo medo de Saul não cumprir sua palavra de preservação (cf. v. 9).
Saul e Samuel
Uma situação que causa certo desconforto quando esse capítulo é tratado em círculos adventistas é o fato de lermos em dois versos (v. 15 e 16) a expressão “Samuel disse...”, uma vez que ele já estava morto, como narrado em 1 Samuel 25:1. O teólogo adventista Greenville J. R. Kent, Ph.D em Antigo Testamento pela The University of Manchester, responde a essa situação comparando com a narrativa de Dagom, em 1 Samuel 5, em que as descrições desse deus filisteu sãos as mesmas de um ser humano. Os versos 3 e 4, por exemplo, dizem que Dagom estava com o rosto em terra, uma atitude praticada apenas por seres humanos, e não por um ídolo de madeira ou de metal. Para Kent, afirmar que “Samuel disse” ou que Dagom estava com o “rosto em terra” é uma técnica literária em que o autor bíblico apresenta o ponto de vista dos personagens, independentemente de serem ou não pagãos.[10]
Outra preocupação de alguns adventistas com esse capítulo tem que ver com a profecia, aparentemente cumprida, feita pelo “espírito” de Samuel que, no fim do seu discurso, fez uma chocante afirmação: “Amanhã, você e seus filhos estarão comigo” (v. 19).
Há pelos menos três observações a serem feitas a respeito dessa declaração: (1) Que parâmetro confuso é esse utilizado pelo espírito em colocar um profeta de Deus, Samuel, e um monarca rejeitado por Deus, Saul, no mesmo lugar após a morte? Com amplo apoio escriturístico, podemos afirmar que justos e injustos não terão o mesmo destino (cf. Jo 5:28, 29; 1Ts 4:16, 17; Ap 20:4-6; etc.); (2) nem todos os filhos de Saul morreram com ele, na batalha registrada em 1 Samuel 31; logo no início de 2 Samuel, somos informados de que outro filho de Saul esteve envolvido numa tentativa de usurpação do trono, Isbosete, também chamado de Isbaal (2Sm 2:10); (3) Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus, mas cometeu suicídio (1Sm 31:12, 13).[11]
Considerações finais
O trágico fim da vida de Saul deve servir de alerta para uma geração de cristãos cercados de influências espíritas, contrárias à Palavra de Deus. Entrar no terreno do inimigo pode saciar temporariamente a curiosidade pelo sobrenatural, mas terá um custo extremamente alto. Um adventista do sétimo dia sentiu isso na pele.
Moses Hull era um pregador com diversos talentos. Além de inteligente e hábil com as palavras, seu interesse se voltou para debates com alguns espiritualistas. Houve certo êxito em alguns casos, e ele levou alguns de seus oponentes ao cristianismo, mas quando um debate com o médium W. F. Jamiesen, em Paw Paw, Michigan, foi realizado, a mente de Hull se tornou confusa e a língua dele ficou estranha.[12]
Ellen White o aconselhou diversas vezes, mas sem êxito.[13] Hull pregou seu último sermão como adventista em 20 de setembro de 1863, e após isso o que se viu foi o surgimento de um líder nas fileiras do espiritualismo. Após deixar a esposa, ele se casou com uma médium espírita chamada Mattie E. Sawyer. Em 1902, Hull se tornou o primeiro diretor do Morris Pratt Institute, uma escola especializada em treinar médiuns espiritas. Somado a isso, ele é tido como o responsável por adicionar textos bíblicos para embasar a doutrina espírita. Tragicamente, Moses Hull cometeu suicídio em 1907, em San Jose, na Califórnia.[14]
Saul e Moses Hull. Dois homens separados por quase três mil anos que caíram no mesmo erro. Paulo estava certo quando disse: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuide para que não caia” (1Co 10:12).
(Luiz Gustavo S. Assis é pastor distrital em Caxias do Sul, RS)
1. Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: CPB, 1995), p. 524.
2. Gerard Damsteegt, Nisto Cremos: 27 ensinos bíblicos dos adventistas do sétimo dia (Tatuí, SP: CPB, 2003), p. 452-468.
3. Para mais informações sobre a história da interpretação de 1 Samuel 28 nos círculos judaicos e cristãos, ver K. A. D. Semelik, “The Witch of Endor: 1 Samuel 28 in Rabbinic and Christian Exegesis Till 800 A.D.”, Vigiliae Christianae 33, 1997, p. 160-179.
4. Andrews Fausset, Bible Encyclopedia and Dictionary Critical and Expository, (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1997), p. 205.
5. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: CPB, 1995), p. 679.
6. Theodore J. Lewis, “The Ancestral Estate in 2 Samuel 14:16”, Journal of Biblical Literature 110/04, 1991, p. 600, 601.
7. Lewis, p. 602.
8. P. Kyle McCarter, Jr., I Samuel: The Anchor Bible 8 (New York: Doubleday, 1980), p. 421.
9. Theodore Lewis menciona dois documentos acadianos nos quais a palavra zapaqu, cognata de zaqep, foi utilizada para se referir ao ato de cobras ficarem eretas, quando prontas para dar o bote, e, curiosamente, outro texto falando do fantasma de um morto que deixou o cabelo de alguém em pé! Ambos os textos se referem a “uma noção súbita ou surpreendente associada com medo”. Cults of the Dead in Ancient Israel and Ugarit (Atlanta, GA: Scholars Press, 1989), p. 116. Portanto, a tradução de zapeq em 1 Samuel 28:14 deve levar em conta esse background etimológico.
10. Greenvile J. R. Kent, “Did the Medium at En-Dor Really Bring Forth Samuel?”, em Gerhard Pfandl, ed., Interpreting Scripture: Bible Questions and Answers, Biblical Research Institute Studies, v. 2 (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2010), p. 199.
11. Kent, p. 198.
12. Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: O ministério profético de Ellen G. White (Tatuí, SP: CPB, 2003), p. 231.
13. Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí, SP: CPB, 2006), p. 1:426-437.
14. James R. Nix, “The Tragic Story of Moses Hull”, Adventist Review 164:35 (agosto de 1987), p. 16.
Assinar:
Postagens (Atom)