quarta-feira, junho 27, 2007

Jesus inferior ao Pai?

Gosto muito do seu blog, acho muito informativo e organizado. Ultimamente venho me questionando sobre a existência da "Trindade", sempre tentaram me explicar sobre essa doutrina mas nunca fui esclarecido e também nunca houve um conceito definido mesmo pelos que acreditam nela. Perguntas como essa do senhor "T" me intrigam a crer na existência da Trindade. Sobre sua explicação ao senhor "T" gostaria de maiores esclarecimentos de alguns tópicos. Sendo Jesus na Sua existência pré-humana Deus, mas em Sua encarnação Se auto-limitou, como então poderia Jesus realizar tantos milagres? Depois que Jesus ressuscitou, Ele teria reassumido os mesmos atributos por ser Deus, como se explica o primeiro versículo de Apocalipse, "revelação de Jesus Cristo, a qual Deus Lhe deu?" Que Deus? Ele mesmo? Aguardo resposta. - A.

Algumas consideraçãos breves:

1. Os milagres de Jesus foram feitos pelo poder de Deus Pai (ver Lucas 11:20; João 11:41-43). Ele poderia tê-los feito por Seu próprio poder, mas não o fez para ser o nosso modelo de dependência do Pai). Para alguém operar milagres não precisa ser Deus, mas pode realizá-los pelo poder divino. Pedro, Paulo e outros também os realizaram, mas pelo poder de Deus, como ocorreu com Jesus.

2. É verdade que, depois de Sua ressurreição, Jesus reassume todos os atributos que sempre tivera por ser Deus (Mateus 28:18 e Colossenses 2:9). Deve-se notar que Ele nunca perdeu nenhum atributo divino. Somente que os velou, enquanto aqui esteve.

3. Apocalipse 1:1 fala da cadeia de transmissão profética ocorrida no Apocalipse: Deus Pai - Jesus Cristo - um anjo - o apóstolo João. É interessante como a Divindade trabalha em parceria e união. Não há egoísmo entre as pessoas divinas. Se Deus Pai quisesse, Ele mesmo poderia ter dado Sua mensagem a João. Mas incumbiu a Cristo disso. Jesus, por sua vez, encarrega um anjo de levá-la até o apóstolo João.O fato de uma pessoa divina aceitar incumbência da outra não denota inferioridade, mas parceria e união. Assim é com as três pessoas da Trindade: o Pai envia Cristo ao mundo e o Espírito, depois da ascenção de Cristo ao Céu, aceita ser enviado por Ele como Seu representante. É uma subordinação funcional (papéis no plano da salvação), e não hierárquica (no sentido de um superior e outro inferior).

Sugiro-lhe a leitura do livro A Trindade, da Casa Publicadora Brasileira, para muitas informações adicionais.

quinta-feira, junho 14, 2007

Predestinação

Gostaria de saber a posição da IASD sobre a predestinação, tendo em vista os inumeros textos bíblicos que confirmam essa doutrina, como romanos 9. - R.

O breve estudo que segue foi preparado pelo pastor Ozeas Caldas Moura, que é doutor em Teologia Bíblica:

Predestinar = destinar antes, com antecedência. É traçar o destino de alguém antes mesmo de ele nascer, para a salvação ou perdição.

O nome mais famoso associado à predestinação é o do reformador francês João Calvino. A seguir, analisemos os cinco pontos essenciais da teologia calvinista (HARRISON, A.W. The Beginnings of Arminianism, 1926, p. 149, 150, In: APOLINÁRIO, P. Estudo de Passagens com Problemas de Interpretação. São Paulo: IAE, 1986, p. 70-73):

1. Deus, por um decreto eterno e irrevogável, ordenou alguns dentre os homens para a vida eterna e alguns para a perdição eterna, sem qualquer consideração à sua obediência ou desobediência. Dessa maneira, os predestinados para a salvação devem forçosa e inevitavelmente ser salvos e os demais devem forçosa e inevitavelmente ser condenados.

O que a Bíblia diz sobre isso? É a própria pessoa quem determina seu destino (Jo 3:17-18 e 36) por meio das escolhas que fizer (livre-arbítrio): “Quem crer e for batizado, será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16:16).

2. Deus determinou livrar alguns da queda e da destruição e salvá-los como exemplos de Sua misericórdia, e deixar outros sob a maldição, como exemplos de sua justiça, sem qualquer consideração à crença ou descrença. Assim, os eleitos são necessariamente salvos e os réprobos necessariamente condenados.

O que a Bíblia diz sobre isso? Veja os textos de Jo 3:16; Rm 11:32 e 1Tm 2:4.

3. Jesus Cristo, o Salvador do mundo, não morreu por todos os homens, mas somente por aqueles que foram eleitos (para a salvação).

O que a Bíblia diz sobre isso?
Veja Tt 2:11; 1Jo 2:2; 2Pe 3:9; At 10:34 e 35; 17:30; 1Ts 5:9 e Ef 1:5.

4. O Espírito de Deus e Cristo atuam nos eleitos com força irresistível a fim de compeli-los à crença e salvação, mas que aos réprobos não foi dada necessária e suficiente graça.

O que a Bíblia diz sobre isso? Tt 2:11 diz que “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”, e At 7:51 afirma que o Espírito Santo pode ser resistido.

5. Aqueles que uma vez obtiveram verdadeira fé jamais poderiam perdê-la por completo e terminantemente.

O que a Bíblia diz sobre isso? Os exemplos de Balaão (Nm caps. 22-24), Saul (1Sm 10:6 e 9) e Demas (Cl 4:14 e 2Tm 4:10) mostram que se pode perder a fé por completo. O apóstolo Paulo fala de pessoas que “naufragaram” na fé (ver o caso de Himeneu e Alexandre, em 1Tm 1:19 e 20).

Passagens mal interpretadas sobre a predestinação:

- Is 45:7: “Crio o bem e o mal” (Deus, na verdade, permite).

- Ex 4:21 e 7:3 e 13: o endurecimento do coração de Faraó (Deus permitiu). No pensamento hebraico, tudo o que Deus permite é de Sua responsabilidade. É como se Ele causasse ou criasse.

- Rm 9:13: “Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú.” Aqui há a predestinação de papéis, mas isso não significava que Esaú devesse se perder.

- Sl 109:4-9: Estava Judas predestinado a trair Jesus? Não. O fato de Deus saber algo com antecipação, não significa que Ele cause isso. A onisciência de Deus não é causativa. Deus viu, séculos antes, que Judas, por livre e espontânea vontade, trairia e venderia Jesus.

Conclusão: Deus predestinou caracteres e não pessoas para a salvação ou perdição. Jo 3:16: “Quem crê ...” – Deus decretou que aqueles que nEle crêem serão salvos. “Quem não crê...” – Deus decretou que se perderão (cf. Mc 16:16).

segunda-feira, junho 04, 2007

Quem escreveu a carta aos Hebreus

Algumas pessoas afirmam em seus sermões e/ou livros que não se pode saber com exatidão quem escreveu a Epístola aos Hebreus. No entanto, Ellen G. White diz que foi Paulo. Como entender isso? - N.

Segundo o doutor em Teologia e editor da Casa Publicadora Brasileira, Ozeas Caldas Moura, quando Ellen G. White menciona que Paulo ou outro escreveu à determinada igreja, não está entrando no mérito de quem realmente fez uso da pena e tinta para pôr no papiro ou pergaminho as palavras de Paulo ou de outros escritores. É como dizer que o presidente Lula escreveu em seu discurso tais e tais coisas, quando, na verdade, na maioria das vezes, é um secretário quem o escreve.

A Sra. White menciona em Cristo Triunfante (Meditações Matinais de 2002), p. 366, que “Paulo escreveu aos Romanos...” E, então, cita as palavras de Romanos 12:18. Se olharmos Romanos 16:22, veremos que quem realmente escreveu a carta aos Romanos foi Tércio. Geralmente, Paulo não escrevia suas cartas, e, sim, secretários, também chamados de “amanuenses”. Mas, para dar validade a elas, as assinava (ver 1 Coríntios 16:21; Colossenses 4:18, etc.). A Epístola aos Hebreus difere em estilo das demais cartas de Paulo: falta-lhe o autor, os destinatários, as ações de graças ou elogio aos destinatários, e a exortação ou solicitação (esses itens, geralmente, vêm no início de cada epístola paulina). Do estilo de Paulo, só há a bênção (Hebreus 13:25).

Provavelmente, seja um sermão de Paulo, transcrito por Lucas ou um outro companheiro de Paulo que, mais tarde, a teria transformado numa epístola.

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