quinta-feira, novembro 09, 2006

Adventismo e Reforma

Sou leitor assíduo do seu blog. Admiro-o muito pela sua visão espiritual e também científica. O seu testemunho e pensamentos deixados no blog nos levam a saber da sua denominação adventista. Tenho grande curiosidade sobre a visão dos adventistas em contraste com as outras denominações vindas do primeiro passo da Reforma protestante. O que eu estava esperando era justamente encontrar um adventista assim como você, que tem uma vida fortemente pública. Não poupe sua visão! Peço de coração. Isso é algo que me traz muitas perguntas e você, como bom estudioso, poderá me ajudar. Não me tenha como crítico, pois não sou. Quero somente entender sobre o adventismo, por haver até alguns mitos envolvendo o assunto. Mas sei muito bem que somos irmãos em Cristo. - A.

Prezado irmão A.:

Muito obrigado pelas palavras de apreço e por prestigiar meu blog que, graças a Deus, tem sido uma verdadeira ferramente evangelística, motivo principal pelo qual foi criado e é mantido.

Quanto à sua curiosidade, ela é legítima. Não nasci adventista. Fui católico de berço e descobri o adventismo quando tinha 17 para 18 anos. Tomei minha decisão baseado em muito estudo da Bíblia, já que era católico praticante e muito preconceituoso em relação aos "crentes" (você pode ler mais sobre a minha conversão no e-book "Deus Nos Uniu"). Cheguei a fazer um estágio num seminário católico em SC, com vistas a tomar a decisão pelo sacerdócio. Então imagine as lutas pelas quais passei, quando decidi tornar-me crente adventista.

Bem, como adventistas, entendemos que o surgimento de nossa igreja, no século 19 (leia mais sobre isso no e-book "Adventismo no Brasil", se deveu também ao forte espírito da Reforma, que se fundamenta no "sola scriptura". Foi estudando as profecias bíblicas, tendo como única regra de interpretação a própria Bíblia, que nossos pioneiros redescobriram verdades que haviam sido sepultadas sob o pó do tempo e das tradições religiosas principalmente herdadas do catolicismo. Verdades como a volta de Jesus, um novo estilo saudável de vida, a mortalidade da alma, o santuário celestial e a vigência dos dez mandamentos, incluindo aí o sábado, passaram a ser vividas e defendidas pelos adventistas, a despeito da incompreensão de muitos.

Digo que podemos traçar uma linha histórica direta com a Refoma pelo fato de mantermos verdades basilares como a justificação pela fé, salvação pela graça e o batismo por imersão, por exemplo. Se você analisar bem, os adventistas sustentam as principais e mais importantes doutrinas mantidas pelas igrejas evangélicas tradicionais. O que nos diferencia, portanto, é o "algo a mais" que temos, como o sábado, por exemplo.

Um abraço fraterno.

(Michelson Borges, jornalista e mestre em Teologia)

quarta-feira, novembro 08, 2006

A guarda do sábado na região do sol da meia-noite

Sou adventista há 17 anos e uma pessoa me perguntou certa vez se eu guardo o sabado de pôr do sol de um dia ao pôr do sol do outro dia. "Então, como os cristãos adventistas que moram nas extremidades do nosso planeta guardam o sábado?" foi a pergunta seguinte. Isso porque tem época do ano em que o Sol fica meses sem se pôr. Valeu pela atenção. - C.

As informações a seguir foram extraídas da apostila “Estudos em Ciência e Religião”, do Professor Orlando Ritter:

No hemisfério norte, acima do círculo polar, vivem criaturas interessadas na guarda dos limites do sábado, conforme o mandamento bíblico. Como procedem nos “longos dias” em que o Sol não se põe ou nas “longas noites” durante as quais ele não aparece nem ao meio-dia?

O processo é simples. Nos períodos em que a claridade dura mais de 24 horas, podendo durar inclusive muitos dias, o Sol circunda o horizonte sem esconder-se. Apenas ao meio-dia está à máxima distância do horizonte e à meia-noite se encontra à menor distância do horizonte (mergulho).

Nos dias anteriores ao “dia longo”, o Sol se esconde cada vez mais tarde, para aparecer cada vez mais cedo (por exemplo, o ocaso às 23 horas e nascimento à uma hora da manhã), até que num determinado dia o seu ocaso e ao mesmo tempo o seu nascimento ocorrem às 24 horas (meia-noite) para não haver mais pôr do sol no dia seguinte.

O último pôr do sol observado foi à meia-noite e por isso os limites do sábado vão desde a meia-noite de sexta-feira até a meia-noite de sábado, tempo que é guardado como sétimo dia da semana. A posição da meia-noite pode ser determinada pelo “mergulho” do Sol e por relógios.

Durante o inverno, quando há uma noite que dura vários dias, o último pôr do sol visível foi ao meio-dia, após o qual o Sol não nasceu mais (antes desse dia, o pôr do sol ocorria cada dia mais cedo até que num dia teve lugar às 12 horas).

Nessa época os limites do sábado estão compreendidos entre meio-dia de sexta-feira e meio-dia de sábado, visto o último pôr do sol ter ocorrido ao meio-dia. Verifica-se então que o início e o fim do dia, sob o ponto de vista religioso, pode ser marcado mesmo na região do Sol da meia-noite e da noite ao meio-dia.

terça-feira, novembro 07, 2006

Invenção da escrita

A revista Época publicou tempos atrás matéria que afirma que a invenção da escrita ocorreu há 6 mil anos, na Mesopotâmia. Acompanhava o texto um quadro com a informação "5.200 anos" e "Ascensão da civilização egípcia e construção das pirâmides", e paralelamente o autor da matéria coloca eventos bíblicos da Criação e do Dilúvio como contraditórios em relação aos outros eventos citados. Minha pergunta é: Seria mesmo verdade que há 6 mil anos a escrita foi inventada na Mesopotâmia, bem como o segundo evento? - R

Prezado R., creio que os comentários abaixo, extraídos de um livro sobre arqueologia bíblica que a Casa Publicadora Brasileira está preparando, devem esclarecer a questão. O autor, Dr. Rodrigo Silva, autorizou a publicação desses comentários e ressaltou que as referências bibliográficas constarão do livro:

"Alguns estudiosos estabelecem a origem da escrita para algo em torno de 3100 a.C. Outros para não mais que 2.500 a.C. Mas no passado essa data era muito mais antiga. A cronologia do dilúvio correlata às primeiras civilizações pré-diluvianas é algo extenso que não tenho como responder por aqui. Mas quanto às datas, verifique este trecho do livro que acabei de escrever e que a Casa vai lançar no ano que vem (2007):

"Mudanças de paradigma nas datações convencionais - À luz do que já ocorreu várias vezes na história da ciência cronologista, não deveremos nos surpreender se algumas datas hoje convencionalmente divulgadas sofrerem alteração. Várias datações da história antiga já foram revistas e encurtadas por respeitados especialistas da área.

"Petrie e Wooley, pioneiros da egiptologia, datavam a primeira dinastia Egípia em 5.000 anos antes de Cristo. Hoje o cômputo mais aceito é o de 3100 a.C. e há quem sugira uma datação ainda mais recente. As dinastias egípcias, diga-se de passagem, são o marco para a cronologia do segundo milênio a.C. (inclusive a mesopotâmica) e, pelo que veremos mais à frente, elas ainda são tema de constantes debates acadêmicos.

"Num não muito distante simpósio sobre cronologia e história realizado na Europa, foi declarado que até mesmo o Museu Britânico manteve durante décadas uma série de tabletes cuneiformes datados em torno de 4.500 anos antes de Cristo, cujo consenso atual não os atribui a mais que 2500 a.C. Já antes disso, o falecido Dr. Libby, pioneiro do método do C14, declarou em 1956: 'Eu e o Dr. Arnold ficamos chocados quando nossos conselheiros de pesquisa nos informaram que a história se estendia a apenas 5.000 anos. Nós lemos livros e encontramos declarações de que tal e tal sociedade ou sítio arqueológico data, por exemplo, de 20.000 anos. Mas aprendemos, abruptamente, que esses números, isto é, aquelas antigas datas, não são certeza absoluta, elas se baseiam no período [convencional] da primeira dinastia do Egito que á a mais antiga data histórica que se tem uma certeza estabelecida.

"Datações anteriores ao surgimento da escrita - A despeito da importância que os ossos, ferramentas, ornamentos e cerâmicas tenham para o estudo arqueológico, é importante mencionar que, em termos de datação antiga (i.e. anterior à invenção da escrita), sua contribuição é inconclusiva e está sujeita a novas interpretações. Há, por exemplo, um grande debate em aberto sobre a data da destruição de Jericó, pois sua principal evidência vem das cerâmicas encontradas no local que são interpretadas de maneira diferente, de acordo com o especialista que as analisa.

"Se quisermos evitar erros sistêmicos talvez devêssemos nos manter mais confiantemente dentro daquela cronologia que parte da invenção da escrita para o presente. Afinal, documentos escritos são fontes mais seguras que oferecem, por exemplo, o testemunho de um eclipse ou de um terremoto que com os atuais instrumentos de estudo da astronomia ou da sismografia podem ser identificados com absoluta precisão. Isso nos levaria para algo em torno de 2500 a.C., que é quando começa a história registrada por escrito.

"Contudo, mesmo alguns historiadores não bíblicos, como John G. Read, ainda se mostram cautelosos ao afirmar que 'as datas bem autenticadas [em relação à cronologia egípcia] só nos permitem recuar para 1.600 anos a.C.' A razão para este comentário está em que as datas egípcias com maior ou menor grau de precisão só podem ser traçadas com certa margem de segurança até à discutível dinastia de Ramsés (1320 a.C.), que levou pelo menos nove reis a adotarem esse nome.

"As datas a partir desse período são estabelecidas com base em listas de reis sumerianos, cronologia grega e outras fontes correlatas. Porém, para períodos que antecedem essa época, aumenta-se consideravelmente o grau de incerteza. Os egípcios datavam os fatos pelo reinado de seus faraós. Por exemplo: 'isso ocorreu no terceiro ano do reinado de Ahmosis'. Mas hoje é sabido que houve co-regências, de modo que o quinto ano de um rei poderia ser também o seu primeiro ano, pois os quatro anteriores foram em companhia de seu pai que não havia de modo algum abdicado do trono.

"Ademais, não temos precisamente o número de reis que governaram em todos os períodos do Egito. Por razões políticas ou religiosas, os escribas muitas vezes compilavam as dinastias com uma precisão exata, noutras não. Algumas dessas listas sobreviveram até nosso tempo e entre elas podemos citar a Pedra de Palermo, que está em Turim, e a Tábua de Karnak, que atualmente encontra-se no Museu do Louvre. Contudo, nenhuma dessas listas está preservada o bastante para solucionar todos os detalhes a ponto de oferecer uma cronologia absolutamente precisa. Talvez achados futuros poderão nos ajudar, mas, por enquanto, são estes os elementos que a história disponibiliza."

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