Olá. Sou médico e físico. Como convivo com pessoas de pensamento científico que não acreditam na Criação, enfrento muitas dificuldades quando sou colocado diante de perguntas extremamente difíceis que colocam o criacionismo em xeque. Tenho duas dúvidas que me perturbam o sono: a primeira é sobre o choque de galáxias. Como explicar um universo racional regido por um Deus organizado que permite galáxias se chocarem com efeitos catastróficos para planetas e estrelas? O outro assunto preocupante para mim é o das supernovas e da morte de estrelas, bem como dos buracos negros que a tudo "engolem" sem "piedade". Não consigo ver uma finalidade benéfica isso com um Deus de ordem e amor? Podemos argumentar contra as catástrofes ocorridas na Terra por ser este o único planeta que pecou, e serem, portanto, elas resultantes das imperfeições do pecado que reinam neste planeta. Mas como argumentar a esse respeito quando se considera o universo de Deus que não pecou? – A.
São questões importantes, mas creio que causam dificuldades apenas em função de não se harmonizarem bem com certas idéias populares entre cristãos, idéias essas que não são bem fundamentadas, seja na Bíblia, seja no estudo do mundo físico.
Alguns acreditam que vivemos em uma espécie de universo alternativo, criado em função do pecado por ocasião da queda (de quem? de Adão ou de Lúcifer?). Mas essa idéia gera muitos problemas e carece de suporte (pelo menos ainda não vi uma boa fundamentação) e, no final das contas, não me parece que resolva devidamente os problemas a que se propõe.
Vejamos por outro ângulo. Para ganhar uma intuição do que a destruição representa em um universo perfeito, vamos pensar em uma escala menor, na esfera do cotidiano humano.
O que acontece quando comemos uma maçã, por exemplo? Primeiro, nós a destruímos com os dentes. A saliva contém enzimas que já iniciam a digestão dos alimentos na própria boca - mais um processo de destruição. Sucos digestivos são adicionados quando o material chega ao estômago, e o processo continua em fases sucessivas. No fim, as substâncias aproveitáveis são absorvidas pelas paredes do intestino e o restante é descartado.
As substâncias absorvidas pelo intestino serão aproveitadas pelo organismo como matéria prima para construção e reposição, fonte de energia, e outras funções.
O material descartado é eliminado do organismo humano e aproveitado por outros seres, passando por bactérias que farão mais destruição e descarte. O refugo final é matéria prima para as plantas reiniciarem o processo com o auxílio da energia solar.
Muitos cristãos pensam em um Céu ou uma Nova Terra em que nada será destruído. Contrariando essa idéia, a Bíblia afirma que as pessoas comerão e beberão na Nova Terra. Mas o processo de comer é "destrutivo". O que mencionei sobre alimentação e cadeia alimentar parece encaixar-se bem com o cenário descrito pela Bíblia.
Voltando ao macrocosmo, ao contrário do que se supunha antigamente, o Universo é uma estrutura em constante transformação. Choques entre galáxias acontecem, formando novas e interessantes estruturas. Isso é catastrófico para a estrutura global das galáxias envolvidas, mas tende a ser inócuo para as estrelas que as formam. Leia um exemplo de comentário sobre o assunto aqui.
No cenário bíblico da Nova Terra, isso significa que o sistema solar apenas passaria a fazer parte de uma nova galáxia, formada pela colisão da Via Láctea com Andrômeda. Não haveria razão para pânico, até porque Deus poderia proteger todos os planetas habitados.
Quanto ao "arraste gravitacional", a força de atração entre o Sol e os planetas ao seu redor é muito maior do que as forças gravitacionais envolvidas no processo de choque entre galáxias. Esse choque tenderia a causar apenas uma perturbação gravitacional quase imperceptível.
Quanto à destruição de estrelas, esse parece ser o mecanismo natural pelo qual a maioria dos elementos químicos é formada. Nesse caso, trata-se de um processo essencial à existência da vida no Universo.
Quanto aos buracos negros, parecem ser um tipo importante de estrutura para a estabilidade das galáxias, entre outras coisas. No centro da Via Láctea, por exemplo, tudo indica haver um buraco negro ajudando a manter a estabilidade de todo o sistema.
Além disso, buracos negros são conseqüências naturais bastante interessantes de leis físicas. E o fato de ser um fenômeno "interessante" não deve ser menosprezado. Note que, de acordo com a Bíblia, o propósito de Deus para Suas criaturas não é a mera sobrevivência, mas uma vida plena de constante desenvolvimento em todas as áreas, inclusive a área intelectual. Não seria de se esperar que Ele enchesse o Universo de fenômenos curiosos para nos dar material para pensar e aprender?
Essas coisas não são argumentos contra o cristianismo, mas servem como dicas para que alguns conceitos sejam revisados.
(Eduardo F. Lütz)
quarta-feira, dezembro 31, 2008
Hebreus e Tiago estão em contradição?
Sem dúvida, a Bíblia não entra em contradição de textos. Um texto complementa outro. Bom, devido a esse fator, dois textos do Novo Testamento me chamam a atenção. Trata-se dos capítulos 6 de Hebreus e 5 de Tiago. Em Hebreus, é dito que é “impossível” que alguém que tenha sido iluminado e tenha provado o dom celestial, e caiu, seja renovado para arrependimento. O outro trecho das Escrituras que aparenta ser contra o que Hebreus afirma está em Tiago 5:19 e 20. Lá está dizendo que se alguém se desviar da verdade e outro irmão o converter, aquele que o converteu o salvará da morte cobrindo multidões de pecados. Como podemos unir os dois trechos das Escrituras sem contradição? – E.
Prezado E., o texto de Hebreus 6:4-6 é um dos mais difíceis da Bíblia. E como a Bíblia não se contradiz, visto ser obra da inspiração do Espírito Santo, deve-se ver, nesse texto, a idéia de que, enquanto em apostasia declarada e aberta, é impossível alguém se arrepender e voltar ao redil de Cristo. Se tal pecador deixa sua apostasia (cometimento de qualquer pecado conhecido ou a aceitação de alguma doutrina contrária às Escrituras), então há chance de arrependimento e volta a Cristo e ao seio da Igreja. É o que diz João: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1:9). Então, qualquer pecado pode ser perdoado, desde que o pecador queira deixá-lo, confesse e busque o perdão divino. Enquanto não fizer isso, “é impossível renová-lo” na fé.
(Ozeas Caldas Moura)
Prezado E., o texto de Hebreus 6:4-6 é um dos mais difíceis da Bíblia. E como a Bíblia não se contradiz, visto ser obra da inspiração do Espírito Santo, deve-se ver, nesse texto, a idéia de que, enquanto em apostasia declarada e aberta, é impossível alguém se arrepender e voltar ao redil de Cristo. Se tal pecador deixa sua apostasia (cometimento de qualquer pecado conhecido ou a aceitação de alguma doutrina contrária às Escrituras), então há chance de arrependimento e volta a Cristo e ao seio da Igreja. É o que diz João: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1:9). Então, qualquer pecado pode ser perdoado, desde que o pecador queira deixá-lo, confesse e busque o perdão divino. Enquanto não fizer isso, “é impossível renová-lo” na fé.
(Ozeas Caldas Moura)
terça-feira, dezembro 02, 2008
Os reis de Apocalipse 17
Quem são os sete reis de Apocalipse 17:10? Queria saber sua ordem e quem é o oitavo rei. - J.
Sobre o assunto em questão e suas muitas hipóteses, não daria para tratá-lo exaustivamente com um simples comentário. Mas aí vão algumas considerações sobre o tema:
Esses reis ou reinos, de Apocalipse 17, são vistos pelos estudiosos bíblicos como poderes que, ao longo da história, perseguiram o povo de Deus.
- 7 reis (Ap 17:9): poderiam ser vistos como: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma Pagã e Roma Papal.
- “cinco caíram” (Ap 17:10): Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia.
- “um existe” (Ap 17:10): Roma Pagã (que era o poder mundial nos dias de João, autor do Apocalipse, dominou o mundo de 168 a.c. a 476 d. C.).
- “o outro ainda não chegou” (Ap 17:10): Roma Papal (538-1798 d.C.).
- “quando chegar tem de durar pouco” (Ap 17:10): essa tradução complica o entendimento sobre o papado, visto que ele mandou no mundo de 538 a 1798 – o que não é “pouco”. A mesma expressão grega pode ser traduzida como ”ao chegar, terá um prazo limitado de atuação”, ou seja, não mandaria no mundo e nas pessoas indefinidamente. Apesar de impor sua vontade por muitos séculos, o poder papal chegou ao fim em 1798, quando o Papa Pio VI foi aprisionado pelo general Berthier, a mando de Napoleão Bonaparte.
- “a besta é o oitavo rei, e procede dos sete” (Ap 17:11): se o sétimo poder perseguidor é o poder papal, o oitavo (que dele procede) é o papado ressuscitado, ou seja, esse poder recobrará seu antigo poder perseguidor contra o povo de Deus, um pouco antes da segunda vinda de Cristo. Nas palavras de João, “sua ferida mortal será curada” (Ap 13:3).
(Ozeas Caldas Moura)
Sobre o assunto em questão e suas muitas hipóteses, não daria para tratá-lo exaustivamente com um simples comentário. Mas aí vão algumas considerações sobre o tema:
Esses reis ou reinos, de Apocalipse 17, são vistos pelos estudiosos bíblicos como poderes que, ao longo da história, perseguiram o povo de Deus.
- 7 reis (Ap 17:9): poderiam ser vistos como: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma Pagã e Roma Papal.
- “cinco caíram” (Ap 17:10): Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia.
- “um existe” (Ap 17:10): Roma Pagã (que era o poder mundial nos dias de João, autor do Apocalipse, dominou o mundo de 168 a.c. a 476 d. C.).
- “o outro ainda não chegou” (Ap 17:10): Roma Papal (538-1798 d.C.).
- “quando chegar tem de durar pouco” (Ap 17:10): essa tradução complica o entendimento sobre o papado, visto que ele mandou no mundo de 538 a 1798 – o que não é “pouco”. A mesma expressão grega pode ser traduzida como ”ao chegar, terá um prazo limitado de atuação”, ou seja, não mandaria no mundo e nas pessoas indefinidamente. Apesar de impor sua vontade por muitos séculos, o poder papal chegou ao fim em 1798, quando o Papa Pio VI foi aprisionado pelo general Berthier, a mando de Napoleão Bonaparte.
- “a besta é o oitavo rei, e procede dos sete” (Ap 17:11): se o sétimo poder perseguidor é o poder papal, o oitavo (que dele procede) é o papado ressuscitado, ou seja, esse poder recobrará seu antigo poder perseguidor contra o povo de Deus, um pouco antes da segunda vinda de Cristo. Nas palavras de João, “sua ferida mortal será curada” (Ap 13:3).
(Ozeas Caldas Moura)
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