segunda-feira, outubro 22, 2007

Versões divergentes?

Li recentemente duas passagens da Bíblia Sagrada na Linguagem de Hoje e me deparei com o que eu acredito ser um equívoco dos tradutores. Os textos são Mateus 18:22 e João 2:1. Ambos os textos têm diferença com o que está na Bíblia traduzida por João Ferreira de Almeida. Gostaria de sanar essa dúvida. - R.

1. Sobre Mateus 18:22: O texto da Almeida Revista e Atualizada traz: "Sententa vezes sete", e o da Nova Tradução na Linguagem de Hoje traz: "Setenta e sete". O texto grego está assim: hebdomekontákis, cuja tradução pode ser "setenta vezes sete" ou "setenta e sete". Assim, tanto a versão de Almeida quanto a Linguagem de Hoje estão certas, pois há duas possibilidades de tradução.

2. Sobre João 2:1: Na versão de Almeida está: "três dias depois". Na Linguagem de Hoje: "dois dias depois". No grego está assim: "E no terceiro dia houve um casamento." Como podem ambas estar certas? A de Almeida parece usar a contagem inclusiva (maneira de contagem comum aos judeus), ou seja, conta o dia em que começa a festa como fazendo parte dos dois dias anteriores. Assim, a festa teria ocorrido "três dias depois", mas, na verdade, o terceiro dia ainda não tinha terminado (ver exemplo de contagem inclusiva em Ester 4:16 e 5:1 - onde a rainha manda que jejuem por ela por "três dias", e ainda o terceiro dia de jejum não havia terminado quando ela se apresentou ao rei). A versão na Linguagem de Hoje, não usando a "contagem inclusiva", mas contando o tempo como nós o fazemos, diz que a festa foi realizada "dois dias depois", ou seja, dois dias completos haviam se passado desde que Jesus Se encontrara com Filipe e Natanael (ver Jo 1:43-51), e ao começar o terceiro dia (desde aquele encontro), teve início a festa de casamento.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Acréscimo na Oração do Senhor

Em Mateus 6:13 temos em algumas traduções o seguinte trecho: "...pois Teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém." Pela pesquisa que fiz, concluí que esse versículo não é original - o que não interfere na veracidade da Bíblia. Só que tenho uma dúvida: no livro O Maior Discurso de Cristo, Ellen White faz a seguinte citação: "'Teu é o reino, e o poder, e a glória.' Mat. 6:13. A última, como a primeira sentença da Oração do Senhor, volve-nos para o Pai como Se achando acima de todo poder e autoridade e todo nome que se nomeia" (p. 120). Então cheguei à seguinte conclusão, como ela mesmo disse: "Todos os erros não causarão dificuldade a uma alma, nem farão tropeçar os pés de alguém que não fabrique dificuldades da mais simples verdade revelada" (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 16). Creio que ela transmitiu um trecho por inflências culturais da época, o que não descarta e nem põe em prova a evidência de ter o verdadeiro dom de profecia que é um dos sinais da igreja remanescente. Cheguei a uma conclusão correta? - G.

Na citação feita do livro O Maior Discurso de Cristo, página 120, onde a Sra. White cita "Teu é o reino, e o poder, e a glória" como fazendo parte da Oração do Senhor, a profetisa não está entrando em detalhes de uma crítica textual a essa oração. Apenas cita aquelas palvras como fazendo parte daquela oração, como todos o faríamos, uma vez que, hoje, ela, de fato, faz parte dessa oração. É verdade que se for feita uma crítica textual à Oração do Senhor se verá que a maioria dos manuscritos não traz a parte final "pois Teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém". Deve ter sido um acréscimo por parte de um copista que conhecia a oração de Davi, em 1 Crônicas 29:11 e 12, e pegou parte dessa oração e juntou à Oração do Senhor. (De qualquer maneira, esse provável acréscimo do copista é bíblico.) Então a Sra. White, como não estava fazendo uma crítica textual da Oração do Senhor, podia, sem incorrer em erro, citar a parte final como fazendo parte da oração. Perceba que ela não diz que "Jesus falou" aquela parte da oração, mas que ela é "uma setença da Oração do Senhor".

(Ozeas Caldas Moura, teólogo)

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