sexta-feira, maio 12, 2006

Moral e bons costumes

O que é “moral e bons costumes”, esse chavão tantas vezes utilizado. De onde isso teria vindo, de acordo com o evolucionismo e o criacionismo? – U.

Bem, talvez pudesse dizer que, num contexto puramente humanista, “moral” sejam os padrões de conduta que as sociedades ditas civilizadas desenvolvem para poder viver com um mínimo de civilidade. Mas como sou cristão, creio que moral é algo mais profundo, que diz respeito não apenas ao comportamento exterior, mas a pensamentos, emoções e motivações. Acredito que a fonte da moral é Deus e que, pelo contato com Ele (oração e leitura da Bíblia), essa moral nos é implantada no coração. “Bons costumes” derivam dessa moral divina. O Dez Mandamentos bíblicos seriam a expressão máxima desse código moral divino, cuja base é o amor.

É claro que não se chega a essas idéias meramente pela racionalidade. Mas quem disse que a razão humana é o único meio de se obter conhecimento? Quando tentamos abarcar todo o conhecimento com os recursos humanos, não estamos sendo um pouco arrogantes? Sou adepto do método científico e defendo suas premissas, no que diz respeito àquilo que a ciência pode alcançar. Mas sou contra a extrapolação desse método para o sobrenatural, área que não compete à ciência experimental. Acho que a complementaridade dessas duas facetas da realidade – o imanente e o transcendente – é que nos ajudam na busca da verdade. Conforme disse Einstein: “A ciência sem a religião é manca; a religião sem a ciência é cega.”

Em seu interessante livro A Presença Ignorada de Deus, o fundador da Logoterapia, Viktor Frankl, afirma que “a consciência como um fato psicológico imanente já nos remete, por si mesma, à transcendência; somente pode ser compreendida a partir da transcendência, somente como ela própria, de alguma forma, constituindo um fenômeno transcendente. Da mesma maneira que o umbigo pode ser compreendido a partir da pré-história, ou melhor, da história pré-natal do homem, como sendo um ‘resto’ no homem que o transcende e o leva à sua procedência do organismo materno, no qual estava contido, exatamente desta mesma forma a consciência só pode ser entendida em seu sentido pleno quando a concebermos à luz de uma origem transcendente. ... O homem irreligioso, portanto, é aquele que ignora esta transcendência da consciência. Com efeito, também o homem irreligioso ‘tem’ consciência, assim como responsabilidade; apenas ele não questiona além, não pergunta pelo que é responsável, nem de onde provém sua consciência” (págs. 41 e 42).

(Michelson Borges, jornalista e mestre em Teologia)

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